Folha de S. Paulo


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A última semana foi de queda para as Bolsas de Nova York. A expectativa sobre a antecipação do aumento dos juros americanos causou desvalorização de 0,9%, 0,3% e 1,1%, respectivamente, nos índices Dow Jones, Nasdaq e S&P 500, sendo que o primeiro teve a primeira queda semanal das últimas cinco semanas.

Os dados sobre a economia que foram divulgados nos últimos dias mantiveram a incerteza dos investidores com relação ao posicionamento do Fed quanto à taxa de juros. Por um lado, as vendas no varejo dos EUA subiram 0,6% em relação ao mês anterior; os pedidos de seguro-desemprego subiram acima do previsto por alguns economistas e a confiança do consumidor foi a maior em mais de um ano.

Por outro lado, a produção industrial encolheu 0,1% em agosto. Esta foi a primeira queda desde o início deste ano. Além disso, um levantamento do Fed divulgou que a utilização da capacidade pela indústria total caiu de 79,1% pra 78,8%.

Dados que indicam uma recuperação da economia norte-americana atrelados a uma alta do dólar de nove semanas consecutivas com relação a uma cesta de moedas têm impulsionado a demanda mundial por ações e títulos de dívida dos EUA.

Isso reflete as expectativas dos investidores de que o Fed irá elevar os juros enquanto os bancos centrais da Europa e do Japão se preocupam em estimular suas economias estagnadas com medidas de expansão monetária.

No continente europeu, a semana se resumiu à possível independência escocesa. Sem a Escócia, cresce a chance de o Reino Unido deixar a União Europeia e cresce também a possibilidade de o país passar por uma depressão e do aperto da política monetária sofrer atrasos.

A independência levaria a uma queda da libra e queda nas Bolsas, obrigando o Banco da Inglaterra a manter condições monetárias frouxas. Além disso, se a Escócia conseguir a separação, outros separatistas europeus sairão fortalecidos, como por exemplo a Catalunha.

Na China, as notícias não são tão positivas. A produção industrial desacelerou em agosto (em julho a alta foi de 9%, porém no último mês o crescimento diminuiu para 6,9%). Após a divulgação desse dado, os bancos revisaram para baixo a previsão do PIB do país em 2014, com expectativas de 7,2%, contestando o crescimento previsto pelo governo de 7,5%.

Para os próximos dias serão revelados as projeções econômicas do Fomc, o IPC anual da União Europeia e o PMI de Manufatura da China.

PANORAMA BRASIL

No cenário local, a disputa eleitoral continua sendo peça chave no movimento dos mercados. Na semana que passou o Ibovespa teve sua maior queda desde a crise da Grécia, perdendo 6% no decorrer de seis pregões consecutivos.

O motivo da queda foi a estabilização das intenções de voto de Marina Silva somada à subida da atual presidente, Dilma Rousseff, nas pesquisas.

O Ibovespa, que chegou próximo aos 62 mil pontos no dia 3, após a queda alcançou a casa dos 56 mil pontos na última sexta-feira. Porém, no pregão de ontem, o índice teve leve alta, marcado pela correção técnica dos exageros e da reprecificação das expetativas quanto as pesquisas que sairão esta semana.

O dólar também foi influenciado pelas pesquisas e teve o efeito amplificado pelo movimento de alta nos retornos dos títulos americanos, que deram força à moeda.

Assim, o real perdeu frente ao dólar e chegou a R$ 2,343 no pregão de ontem, maior valor desde março deste ano. Caso a moeda continue se valorizando hoje, será a maior série de altas consecutivas desde setembro de 2011.

Do lado dos indicadores da economia, a previsão dos analistas de mercado para o PIB de 2014 caiu novamente e hoje está em 0,33%. Apesar disso, espera-se que o varejo veja uma retomada no segundo semestre, o que sinaliza alguma retomada na demanda que vem sendo arrefecida pela inflação recentemente.

Nos próximos dias, além das pesquisas eleitorais, o Índice de Preços ao Consumidor quinzenal será divulgado.

Texto em parceria com Isadora Tozi, graduanda em Economia pela EESP-FGV e consultora da Consultoria Junior de Economia (CJE-FGV), em nome da área de pesquisa da empresa


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