Folha de S. Paulo


Mundo Econômico

PANORAMA MUNDO

A última semana foi de ganhos para os índices Dow Jones, Nasdaq e S&P 500, os quais, respectivamente, se valorizaram 0,7%, 2,2% e 1,2%, apesar da incerteza com a crise na Ucrânia ter aumentado na última sexta-feira.

Os dados referentes ao mercado de trabalho caminharam em sentidos opostos na última semana nos Estados Unidos. Se por um lado a abertura de empregos em junho foi a maior em 13 anos, indicando um fortalecimento da economia norte-americana, por outro lado, os novos pedidos de seguro-desemprego subiram para além das expectativas na semana terminada em 9 de agosto.

O fato de as pessoas estarem deixando o mercado de trabalho representa um desafio para a recuperação econômica dos EUA. Apesar disso, segundo analistas, a percepção geral é a de que a recuperação econômica está em curso e que o mercado de trabalho está num período de crescimento maior. Se a economia continuar a mostrar sinais de fortalecimento, é possível que o Fed, banco central dos EUA, eleve os juros antes do previsto.

Também foi divulgado o índice de preços ao produtor, que reduziu o ritmo de alta em julho, com um aumento de 0,1%. Além disso, a produção industrial nos EUA registrou o sexto mês consecutivo de alta, aumentando 0,4% em julho, valor acima das expectativas dos economistas.

Esse resultado amorteceu a reação do mercado com relação à redução da confiança do consumidor, que marcou 79,2 pontos e foi o menor patamar desde novembro de 2013. Dados divergentes sobre o mercado de trabalho, crises geopolíticas e instabilidade no preço das ações foram os fatores que influenciaram a queda desse índice.

Seguindo essa linha, as vendas no varejo causaram decepção pois ficaram praticamente estáveis em julho com relação a junho, como previu o índice de confiança, indicando que os consumidores ainda estão com dúvidas sobre a retomada da economia norte-americana e estão cautelosos em gastar, o que poderia limitar a expansão da economia.

Na Europa, a situação não é positiva. A produção industrial da zona do euro e da União Europeia recuaram, respectivamente, 0,3% e 0,1% em junho. A inflação anual em julho foi a menor desde outubro de 2009 na zona do euro e, ao mesmo tempo, a economia ficou estável no segundo trimestre em relação aos três meses anteriores, quando cresceu 0,2%.

Assim, as medidas do Banco Central Europeu de estímulo à economia não têm sido efetivas e a situação europeia continua sendo de fraco desempenho econômico, com alto desemprego e baixa inflação.

Na Ásia, o Japão segue apresentando uma atividade econômica em declínio. A economia teve a maior contração desde 2011 devido à queda no consumo e no investimento, após o governo ter aumentado impostos na tentativa de reduzir a dívida pública do país.

Na China, por outro lado, a produção industrial cresceu 9% em julho em relação ao mesmo mês do ano passado. Além disso, as vendas no varejo apresentaram elevação de 12,2% em termos nominais na comparação com julho de 2013.

Nos próximos dias, serão divulgadas as atas da reunião do Fomc (comitê de política monteária do Fed) e o PMI (Índice de Gerentes de Compras, na sigla em inglês) de manufatura da China.

PANORAMA BRASIL

A Bolsa brasileira acumulou ganho de 2,5% na semana que passou, influenciada principalmente pelas ações da Petrobras, que voltaram a ser alvo de muitas especulações sobre o cenário eleitoral. No sentido oposto, o dólar acumulou queda de 1,1% na semana.

Os dados divulgados na semana passada mostraram que a economia brasileira vem registrando quedas. O volume de vendas no varejo sofreu uma redução de 0,7% em junho, na comparação com o mês anterior, sendo que em maio houve avanço de 0,3%.

O IGP-10 caiu 0,55% em agosto, apresentando o terceiro mês seguido de deflação; o mercado alterou para baixo, para 0,79%, o crescimento do PIB em 2014 e a inflação teve sua projeção reduzida para 6,25% neste ano.

Para os próximos dias aguarda-se a divulgação do IPCA-15, da sondagem industrial e da taxa de desemprego.

Texto em parceria com Isadora Tozi, graduanda em Economia pela EESP-FGV e consultora da Consultoria Júnior de Economia (CJE-FGV ), em nome da área de pesquisa da empresa.


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