Folha de S. Paulo


Gastos com saúde e empréstimo deixam idosos no vermelho

Pesquisa divulgada pelo Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) nesta sexta-feira (15) aponta que gastos com planos de saúde comprometem, em média, 70% dos gastos dos aposentados. Segundo o instituto, a média de preço dos planos mais baratos é de R$ 551,04, enquanto a dos planos mais caros é de R$ 1.447,36. Isso sem contar as despesas com medicamentos e gastos básicos do dia a dia, como supermercado e moradia.

Outro vilão da renda dos aposentados é o crédito. Para quitar dívidas ou até mesmo ajudar familiares, os idosos se prendem ao empréstimo e depois não conseguem pagar as próprias contas. O resultado disso é o alto nível de endividamento dos aposentados: cerca de 8% deles estão no vermelho, segundo levantamento realizado pelo SPC Brasil.

Dentre as modalidades de crédito, consignado é uma verdadeira armadilha para os idosos. Apesar da taxa de juros ser mais atrativa e o dinheiro ser liberado na hora, devido ao baixo risco de calote, a renda fica automaticamente comprometida, inviabilizando o pagamento de contas urgentes, como planos de saúde e gasto de sobrevivência.

O ideal é que o idoso não comprometa mais de 10% da aposentadora —que geralmente não é alta— com empréstimos, de forma que ele tenha dinheiro suficiente para pagar as contas e, se possível, curtir a vida.

O limite para concessão do consignado é de 30% por lei, porém alguns idosos combinam diversos formatos de crédito (como consignado e pessoal) em vários bancos para receber um valor maior em dinheiro - um verdadeiro risco para as finanças e sobrevivência.

HISTÓRICO DO CONSIGNADO

O empréstimo consignado foi criado em 2003 e colocado em prática a partir de 2004, durante o primeiro mandato do Governo Lula e do, então, Ministro da Fazenda Antônio Palocci. Apesar de ter sido regulamentado em dezembro de 2003, o consignado já era praticado pelo mercado. A legislação veio para trazer segurança jurídica para os tomadores de crédito.

O superendividamento, contudo, tornou-se uma incógnita para os governos seguintes, inclusive para o da presidente Dilma Rousseff. A dúvida que fica é que se o crédito mais barato é a solução para o avanço da economia brasileira e a qualidade de vida da população. Os 11 anos posteriores à regulamentação do consignado mostram que não.

Texto em parceria com a jornalista Patrícia Basílio.


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