Folha de S. Paulo


Mundo Econômico

PANORAMA MUNDO

Questões geopolíticas foram o foco das Bolsas de Nova York no final da última semana. Com a redução momentânea das tensões entre Rússia e Ucrânia, na última sexta-feira (8) o índice Dow Jones avançou 1,13%, atingindo o maior ganho percentual diário em mais de quatro meses. Na semana, Dow Jones, S&P e Nasdaq se valorizaram, respectivamente, 0,3%, 0,3% e 0,4%.

Os dados divulgados nos últimos dias sobre a economia americana tiveram pouca influência sobre o mercado de ações. O Departamento do Comércio afirmou que o deficit na balança comercial dos EUA apresentou uma queda inesperada no mês de junho. O saldo negativo ficou em US$ 41,5 bilhões, refletindo o maior recuo nas importações americanas registrado em um ano.

Também foram divulgados um aumento de 0,3% nos estoques do atacado em junho, um recuo em 14 mil nos novos pedidos de seguro-desemprego na semana terminada no dia 2 deste mês, um crescimento de US$ 17,3 bilhões de crédito ao consumidor em junho e uma elevação de 2,5% na produtividade dos trabalhadores americanos no segundo trimestre de 2014.

Após a Rússia anunciar um embargo a compras de alimentos de países que aplicaram sanções contra ela, a Casa Branca afirmou que "as medidas terão um impacto insignificante na economia dos EUA". Embora a economia russa esteja passando por um momento delicado, ela apresentou um crescimento de 0,8%, acima do previsto pelos economistas para o segundo trimestre deste ano.

Enquanto isso, a recessão na Itália e a desaceleração da Alemanha vêm provocando um desaquecimento da economia da União Europeia. O Banco Central Europeu decidiu manter a principal taxa de juros da zona do euro em 0,15% e também deixou inalterada a taxa de depósito em -0,10%, dentro das expectativas do mercado.

Além disso, o Reino Unido afirmou que está preparado para deixar a União Europeia caso não haja aprovação de mudanças que o país quer introduzir nas regras de funcionamento do bloco.

Na Ásia, destaque para Japão e China. O banco central japonês decidiu manter sua política de flexibilização em larga escala, elevando a base monetária do país. Além disso, pela primeira vez em cinco meses o Japão registrou, em junho, um deficit em conta corrente, o que indica que a recuperação das exportações ainda não ocorreu da maneira esperada pelo governo.

Na China, a inflação ao consumidor aumentou 2,3% em julho e o Índice de Preços ao Produtor caiu 0,9% no mesmo mês. O país registrou uma queda inédita de 0,2% nas vendas de varejistas, o que é o oposto do esforço do governo de estimular a demanda interna para expandir o crescimento da economia.

Isso se refletiu em uma queda nas importações em julho enquanto as exportações aceleraram. O superavit comercial superou as expectativas do mercado.

Para os próximos dias, serão divulgados o Índice de Preços ao Produtor e as vendas no varejo (mensal) dos EUA, o IPC Subjacente mensal dos EUA, o Relatório de Inflação do BCE e a Produção Industrial da China.

PANORAMA BRASIL

A Bolsa brasileira marcou a segunda semana seguida negativa, com perda de 0,59%. Isso ocorreu principalmente porque, na última sexta-feira, foi divulgada a pesquisa Ibope, que registou um quadro eleitoral praticamente estável em relação à última pesquisa. Por outro lado, o dólar acumulou alta de 1,2% na semana passada.

O câmbio apreciado ajudou a balancear os preços internacionais e, com isso, o IGP-DI registrou uma deflação pelo terceiro mês seguido. A queda foi de 0,55% no último mês. Também em julho houve desaceleração do IPCA (índice de inflação oficial), que acumulou alta de 6,5%. Embora seja o teto da meta de inflação, esse número foi inferior à taxa apurada nos últimos 12 meses. Assim, o mercado reduziu para 6,26% a projeção para a inflação neste ano.

Além disso, também houve redução das expectativas do crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) em 2014, de 0,86% para 0,81%, e a produção industrial recuou 5,4% no segundo trimestre deste ano, registrando a maior queda desde o terceiro trimestre de 2009.

Para os próximos dias serão divulgados o fluxo cambial e os índices IGP-10 e IBC-Br, indicador de atividade econômica do Banco Central.

Texto em parceria com Isadora Tozi, graduanda em economia pela EESP-FGV e consultora da Consultoria Junior de Economia (CJE-FGV), em nome da área de pesquisa da empresa.


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