Folha de S. Paulo


Mundo Econômico

PANORAMA MUNDO

A preocupação com uma possível elevação dos juros pelo Fed (Federal Reserve, banco central americano) antes do previsto pressionou os principais índices de ações das Bolsas de Nova York na última semana. O Dow Jones acumulou desvalorização de 2,8% na semana, a mais acentuada desde a semana encerrada em 24 de janeiro. Já a Nasdaq caiu 2,2% na semana e o S&P 500 recuou 2,7%, o maior declínio desde a semana encerrada em 1º de junho de 2012.

As Bolsas americanas têm subido fortemente e com baixa volatilidade nos últimos meses, mesmo com sinais mistos da economia em diversas ocasiões. Alguns acreditam que essa valorização se deu principalmente pelos esforços do Fed em injetar liquidez no mercado e pelo ambiente de taxas de juros próximas a zero. Nesse caso, a subida dos juros prejudicaria as bolsas e aumentaria muito a volatilidade do mercado.

Contudo, os indicadores divulgados nessa última semana não ajudaram a compor um quadro conclusivo com relação à possível alta antecipada dos juros. A economia dos EUA assinalou uma expansão anualizada de 4% no segundo trimestre de 2014, acima das expectativas de 3%. A atividade industrial americana marcou o 14º mês consecutivo de expansão. O indicador subiu 1,8 ponto e atingiu o nível mais alto desde abril de 2011.

Além disso, houve aumento de 0,4% nos gastos dos consumidores no mês de julho, a taxa de desemprego subiu de 6,1% para 6,2%, a geração de empregos ficou abaixo do esperado pelo mercado e a confiança do consumidor aumentou de 81,3 para 81,8 em julho.

Na Europa, a crise entre Rússia e Ucrânia continua trazendo preocupações. Isso porque a atividade industrial na zona do euro manteve em julho o ritmo de crescimento de junho, que foi o menor em sete meses. O presidente russo, Vladimir Putin, vem recebendo mais pressão externa devido ao aumento das sanções sobre a Rússia por parte da União Europeia.

Ainda na zona do Euro, a inflação ficou em 0,4% em julho, um resultado abaixo das expectativas e a menor taxa desde outubro de 2009. Além disso, a taxa de desemprego alcançou 11,5% em junho, a menor marca desde setembro de 2012, e o índice de preços ao produtor avançou 0,1% em junho, seguindo na direção contrária do registrado em maio.

Na China, o setor de serviços desacelerou em julho. Em contrapartida, houve um aumento na atividade industrial no mesmo mês para 51,7, o maior patamar em 27 meses. Segundo o FMI (Fundo Monetário Internacional), a China crescerá 7,4% neste ano, mas está sujeita a vulnerabilidades, especialmente no mercado imobiliário.

O Fundo também apontou avanços no Japão, com previsão de crescimento de 1,6% neste ano, mas destacou que no médio prazo há riscos de desaceleração da economia.

O país teve no último mês uma queda de 3,3% da produção da indústria e um recuo de 2% nas exportações de junho em relação ao mesmo mês do ano passado. Devido ao cenário econômico do país, o diretor do banco central japonês afirmou que pode ser que haja continuidade na política de afrouxamento monetário.

Para os próximos serão aguardados pedidos de auxílio-desemprego nos EUA, o Índice de Preços ao Consumidor e a balança comercial da China.

PANORAMA BRASIL

A Bolsa brasileira quebrou uma sequência de quatro semanas seguidas de alta e acumulou perda de 3,32% na semana passada. Já o dólar encerrou a semana em alta de 1,47%.

O mercado reduziu a previsão da inflação de 2014 para 6,39% pela terceira vez seguida. Apesar disso, os dados divulgados na última semana apontam para uma piora no cenário econômico brasileiro. O Índice de Confiança do Comércio caiu 6,3% no trimestre encerrado em julho, na comparação com o mesmo período de 2013.

A confiança do setor de serviços também caiu em julho, pelo sétimo mês consecutivo. A previsão do mercado para o crescimento do PIB para 2014 também caiu novamente, e foi de 0,90% para 0,86%.

Além dos indicadores locais, as tensões externas e o desempenho ruim nas Bolsas americanas também contribuíram para o movimento no dólar e no mercado de ações brasileiro.

Para os próximos dias serão divulgados a Pesquisa Industrial Mensal: Emprego e Salário, o indicador de atividade econômica do Banco Central (IBC-Br), e os índices de preço IGP-DI, IPC-S e IPCA.

Texto em parceria com Isadora Tozi, graduanda em Economia pela EESP-FGV e consultora da Consultoria Junior de Economia (CJE-FGV), em nome da área de pesquisa da empresa


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