Folha de S. Paulo


Copom aposta em transparência para se reaproximar dos empresários

A ata do Copom (Comitê de Política Monetária) divulgada na semana passada marcou uma nova postura do governo no contato com empresários. Em uma prática nada convencional, o comitê assumiu que mantém a Selic no patamar atual, de 11% ao ano, para assegurar a convergência da inflação para o centro da meta.

A mensagem trouxe surpresa ao mercado devido à clareza da informação, uma vez que as atas costumam ter uma linguagem menos explícita. Ao que tudo indica, o governo percebeu que, quanto mais transparente for, mais vai atrair investimento dos empresários.

Pois bem, se o papel da ata é ser um canal de informações econômicas entre o governo e o mercado financeiro, por que não ser mais claro sobre a iminente crise inflacionária brasileira? O governo já teve muito problema de credibilidade e um dos entraves é que os investidores não acreditavam mais nos planos econômicos colocados em prática no país.

O certo é que ignorar a inflação não vai fazer com que os empresários resgatem a confiança no país. Diante de uma crise inflacionária varrida "para baixo do tapete", o setor empresarial deixa de colocar dinheiro no Brasil devido ao alto risco do investimento.

Além disso, se de um lado a taxa Selic ajuda a conter a inflação, de outro o país deixa de crescer. E é exatamente isso que está acontecendo: taxa de juros alta e baixo crescimento econômico. O último boletim Focus do Banco Central, inclusive, reduziu a estimativa de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) de 0,97% para 0,9%.

O cenário econômico do País não é nada otimista. E para solucionar este quebra-cabeça, o governo precisa resgatar a confiança dos empresários e receber investimentos. A franqueza da última Ata do Copom mostra que estamos no caminho. Mas ainda há muito que ser feito.

Post em parceria com Patrícia Basílio


Endereço da página: