Folha de S. Paulo


Mundo Econômico

PANORAMA MUNDO

Apesar da queda do avião da Malaysia Airlines na Ucrânia e da invasão por terra de Israel na Faixa de Gaza, os investidores optaram por focar em notícias mais positivas do setor corporativo e, com isso, as Bolsas de Nova York encerraram a semana em alta. Dow Jones, Nasdaq e S&P 500 se valorizaram, respectivamente, em 0,9%, 0,4% e 0,5%.

Por outro lado, os indicadores econômicos ficaram abaixo das expectativas do mercado. Invertendo a direção de queda do mês anterior, o índice de preços ao produtor nos EUA aumentou 0,4% em junho. Já a produção industrial avançou menos no último mês, com um aumento de 0,2%, abaixo das expectativas que eram de 0,3%. Além disso, a confiança do consumidor recuou para 81,3 em julho e registrou o menor nível em quatro meses.

Ainda assim, o Fed declarou que vê sinais de melhora e classificou que o crescimento econômico do país foi de modesto a moderado entre o fim de maio e o início de julho. Isso porque os gastos com turismo, vendas no varejo e de automóveis mostraram crescimento e foi observada uma melhora no mercado de trabalho.

Em discurso, a presidente do Fed, Janet Yellen, defendeu a manutenção de juros em níveis baixos, mas afirmou que é possível haver uma antecipação na elevação da taxa caso o mercado de trabalho continue a melhorar rapidamente. Diante dos sinais de melhora na economia, as estimativas de crescimento para o segundo trimestre foram elevadas para uma expansão em torno de 3%.

Na zona do euro, a balança comercial foi superavitária em 15,4 bilhões de euros em maio. Já o índice de preços ao consumidor subiu 0,5% em junho no acumulado de 12 meses. Na União Europeia, a inflação anual correspondeu a 0,7% em junho, acima dos 0,6% apurados no mês anterior.

Apesar do programa de estímulos monetários anunciados em junho pelo Banco Central Europeu, o cumprimento da meta de inflação de 2% continua longe e grande parte dos economistas ainda acredita em forças deflacionárias no continente.

Na Ásia, a China continua lutando contra a desaceleração da sua economia. Pequim realizará um programa experimental de reformas no qual começará a abrir estatais ao capital privado e melhorar a gestão e competitividade destas. O país vem ampliando créditos bancários e investimentos como meta para estimular o crescimento econômico. Graças a essas medidas de estímulo, a economia chinesa voltou ao crescimento de 7,5% neste trimestre, em linha com a meta estipulada pelo governo.

Nos próximos dias, serão divulgados a venda de casas novas nos EUA, o PMI de serviços na zona do euro e a balança comercial do Japão.

PANORAMA BRASIL

No Brasil, notícias sobre a eleição influenciaram a Bovespa nesta última semana. A queda no nível de aprovação do governo na pesquisa Datafolha e o empate técnico entre Dilma Rousseff e Aécio Neves em um eventual segundo turno fizeram o Ibovespa alcançar o maior patamar de pontos desde 14 março de 2013.

Na semana, a Bolsa brasileira acumulou alta de 4,06% e o Ibovespa fechou a sexta-feira em alta de 2,47%. O dólar também foi influenciado pelo resultado da pesquisa eleitoral. Já o câmbio teve forte alta, com a moeda americana subindo 1,7% na semana. No pregão de ontem grande parte desse ganho foi revertido e o dólar fechou em baixa a R$ 2,22.

Pela quarta vez consecutiva, a projeção do volume de vendas do comércio varejista foi revisada para baixo e passou de 4,7% para 4,5%, o que é um resultado muito próximo do pior já registrado em dez anos. Além disso, conforme o esperado pelo mercado, o Comitê de Política Monetária (Copom) manteve a taxa básica de juros em 11% ao ano.

De acordo com o Índice de Atividade Econômica do Banco Central, IBC-Br, depois de uma leve expansão em abril, a economia brasileira teve retração de 0,18% em maio. A projeção para o IPCA em 2014 é de 6,44% e a estimativa dos analistas para o PIB, pela oitava semana consecutiva, é de um crescimento de apenas 0,97%.

Nos próximos dias, serão divulgados o fluxo cambial, a ata do Copom, a taxa de desemprego e os índices IPC-S e IPC-Fipe.

Texto em parceria com Isadora Tozi, graduanda em economia pela EESP-FGV e consultora da Consultoria Junior de Economia (CJE-FGV), em nome da área de pesquisa da empresa.


Endereço da página: