Folha de S. Paulo


Mundo Econômico

PANORAMA MUNDO

No cenário internacional, um dos grandes acontecimentos da semana passada foi a última revisão do PIB americano do primeiro trimestre deste ano. O número, que na revisão anterior apontava retração de 0,25% na variação trimestral, passou para queda de 0,72%.

Mesmo com essa revisão trazendo um valor muito abaixo do esperado, grande parte dos economistas continua acreditando na excepcionalidade do último inverno (hemisfério norte) e que as forças que agiam na economia até o mês de março já não se encontram mais em cena.

Os maiores bancos e consultorias mantêm suas previsões de crescimento para os EUA em 2014, principalmente devido à contínua melhora no mercado de trabalho, mostrada pela diminuição dos pedidos de auxílio-desemprego e aumento da folha de pagamentos.

Para garantir que essas previsões estejam alinhadas com a realidade, é importante acompanhar indicadores antecedentes e coincidentes, como vendas do varejo e gasto do consumidor, podendo esses mudar o humor do mercado caso decepcionem.

Diante do otimismo em torno da recuperação americana, as Bolsas responderam positivamente e os índices Dow Jones, Nasdaq e S&P 500 apresentaram ganhos de 1,9%, 3,9% e 3,9%, respectivamente. No semestre, S&P 500, Nasdaq e Dow Jones já subiram, respectivamente, 6%, 5,5% e 1,5%.

Na zona do euro, ainda é cedo para se observar os efeitos da política de afrouxo monetário lançada pelo Banco Central Europeu no começo do mês, que deixou as taxas de depósito dos bancos negativas e diminuiu a taxa de refinanciamento.

A inflação da região ficou inalterada no mês de junho, com o índice de preços subindo 0,5%, assim como em maio. Este foi o nono mês em que a inflação anualizada ficou abaixo de 1% na zona do euro e está muito abaixo da meta de 2% do BCE. A confiança do consumidor também não respondeu aos estímulos e caiu de -7,1, em maio, para -7,5 em junho.

Dentre as maiores Bolsas europeias, o maior destaque é o Ibex-35 da Espanha. O índice fechou o pregão de segunda-feira em leva queda, porém acumula alta de 12,83% no primeiro semestre.

No Japão, o primeiro-ministro Shinzo Abe divulgou um novo pacote de reformas visando estimular a economia. Os pacotes de Abe são chamados de "flechas" e a primeira delas foi o redução no imposto, buscando aquecer a economia.

Já nessa semana, a segunda e terceira flecha foram apresentadas. A segunda visa melhorar o ambiente corporativo, cortando os impostos sobre lucros para abaixo de 30%. A terceira está ligada à regulação do mercado de trabalho e benefícios como seguro-saúde, visando estimular a entrada de mulheres, estrangeiros e idosos no mercado de trabalho.

Diante dos estímulos, a inflação anualizada de abril e maio subiu a níveis expressivos para o país, 1,5% e 1,4%, respectivamente, se descontado o efeito do aumento de impostos. Desse modo, o índice de ações Nikkei 500 permanece com desvalorização no ano, mas reverteu parte das perdas e ganhou cerca de 2,8% em junho.

Para os próximos dias, os dados mais importantes a serem acompanhados serão a folha de pagamento nos EUA, divulgada na quinta-feira, e o PIB trimestral da zona do euro a ser apresentada amanhã.

PANORAMA BRASIL

Na segunda-feira, a mobilização no mercado se deu baseada na divulgação do primeiro deficit primário do setor público não-financeiro para o mês de maio. Em abril, o resultado foi superavitário em R$ 16,9 bilhões e em maio, deficitário em R$ 11 bilhões.

Apesar de o Banco Central afirmar que a meta fiscal deve ser atingida no fim do ano, analistas acreditam ser difícil que isso ocorra. O baixo crescimento e o gasto dos municípios e estados dado o período eleitoral contribuem para o não cumprimento do superavit em 2014.

Esses fatores fizeram com que a Bolsa operasse no vermelho ontem, mas, no semestre, o resultado do principal índice acionário brasileiro, o Ibovespa, é positivo, com ganho de 3,2%. No mês, a alta foi de 3,76%. Já o dólar tem respondido à entrada de capital no país e à intervenção do BC nas negociações, e fechou o mês em queda de 1,38%.

Nos próximos dias serão divulgados dados de produção industrial e utilização da capacidade instalada da indústria.

Texto em parceria com Gerson Sordi, granduando em Economia pela EESP-FGV e diretor da Consultoria Junior de Economia (CJE-FGV) em nome da área de pesquisa da empresa.


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