Folha de S. Paulo


Bolívia: um exemplo na América Latina

Nos últimos anos alguns países latinos, como Brasil, Colômbia e México, cresceram e se tornaram queridinhos dos investidores mundiais. Com o fim do boom de commodities, no entanto, a situação econômica de boa parte da América Latina vem se deteriorando.

Uma das exceções a essa tendência, para a surpresa de muitos, é a Bolívia. O país vem arrancando elogios do FMI (Fundo Monetário Internacional) e do Banco Mundial.

"Há vários anos, o desempenho macroeconômico da Bolívia tem sido muito bom", afirmou recentemente a chefe da missão do FMI no país.

Segundo analistas, a Bolívia soube aproveitar a alta dos preços de gás natural para formar reservas, manter as contas públicas em ordem e impulsionar o crescimento.

Tanto que o país acumula reservas internacionais de US$ 14 bilhões, o que representa metade do PIB (Produto Interno Bruto) do país. O valor deixa o governo boliviano em uma situação confortável contra possíveis choques externos.

Além disso, as exportações de commodities mantêm o superavit da conta corrente em níveis elevados: 7,1% do PIB em 2013, segundo o Banco Mundial.

O crescimento da economia boliviana também é animador. Como podemos ver no gráfico abaixo, o crescimento do percentual do país está acima do correspondente brasileiro nos últimos anos.

Samy Dana/Banco Mundial

Todos esses fatores dão segurança para investidores estrangeiros. O que se reflete no investimento estrangeiro direto (IED), que se manteve em uma média de 3,5% do PIB nos últimos 4 anos.

A Bolívia está longe de se tornar uma economia pujante. Seu PIB per capita de US$ 3.030 é um atestado disso. O valor é menor que um quarto do PIB per capita brasileiro, segundo a The Economist. E a dependência econômica excessiva de commodities reflete um país ainda rudimentar.

As mesmas organizações que elogiam a política econômica no período recente afirmam que o país apresenta inúmeras deficiências. E o ambiente de negócios não contribui para um crescimento de longo prazo dado o cenário político.

Mas o fato é que o país soube aproveitar vantagens dos últimos anos para manter uma política econômica prudente. O que muitos de seus vizinhos, infinitamente mais poderosos e importantes, não estão sendo capazes de colocar em prática.

Texto em parceria com Luca Mosena, graduando em administração pela EAESP/FGV


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