Folha de S. Paulo


Mundo Econômico

PANORAMA MUNDO

A semana passada foi marcada pelo início da temporada de divulgação dos balanços de empresas americanas e por sinais de baixa pressão inflacionária na Europa.

Mais uma vez os vilões da Bolsa americana foram as ações de tecnologia, ajudados também pela JP Morgan, que divulgou resultados abaixo do esperado na última sexta-feira.

A temporada que se inicia diminui o apetite por risco dos investidores, que buscam diminuir sua exposição à possibilidade de resultados abaixo do esperado, o que gera um grande movimento de vendas nas ações, deixando os índices no vermelho.

Nem mesmo os dados positivos de confiança do consumidor dos EUA foram capazes de segurar o mau humor do mercado.

Na Europa, países como França, Espanha e Alemanha divulgaram seus dados de inflação. Nos três países o resultado decepcionou as expectativas, sendo que na Espanha houve, inclusive, deflação.

Amanhã, o Eurostat (escritório de estatística da UE) divulga o índice de preços para a zona do euro, podendo assim analisar melhor a profundidade da situação.

O problema de deflação está cada vez mais preocupando investidores no continente e, em resposta, autoridades do BCE (Banco Central Europeu) passaram a cogitar a adoção de um estímulo monetário por meio de compra de ativos, a exemplo do programa dos EUA.

Esses estímulos, além de melhorarem as condições de dívida das empresas, aumentariam a demanda agregada nos países, aumentariam a oferta de euros, e fariam com que a moeda única se desvalorizasse em relação a outras divisas.

Dessa maneira, as importações ficariam mais caras e favoreceriam o mercado interno. O grande debate acerca dessas medidas se concentra na capacidade de beneficiar todos os países da zona do euro de maneira equiparável.

Na Ásia, o destaque da semana passada ficou com Tóquio. O Nikkei, principal índice da Bolsa japonesa, fechou em queda de 2,82%. Com isso, o índice teve sua pior semana em três anos. A principal razão foi a ação do Banco do Japão, que não anunciou mais estímulos na economia e piorou as perspectivas de ganhos.

Ainda na Ásia, o presidente do banco central da China disse que é possível que estímulos monetários sejam lançados na economia caso a meta de crescimento de 7,5% pareça distante no decorrer do ano.

Amanhã, Janet Yellen, presidente do Federal Reserve (Fed, banco central americano), realizará um discurso e, dependendo de suas palavras, é possível que haja volatilidade no mercado de juros.

Também amanhã será divulgada a produção industrial americana. No decorrer da semana, poucos dados serão divulgados devido ao feriado. O Japão anunciará sua balança comercial no domingo.

PANORAMA BRASIL

As últimas quatro semanas foram, em geral, de altas no mercado local e apenas na segunda-feira (14) houve uma certa correção, com investidores se preparando para os dados de PIB da China a serem divulgados hoje e de olho em pesquisas eleitorais.

O dólar continua seu movimento de queda, cotado a R$ 2,214, sendo puxado principalmente pela perspectiva de fluxo positivo de capital, que indica remuneração comparativamente alta nos títulos brasileiros.

A postura do Banco Central no manuseio dos contratos de swap também dá indícios de que o patamar atual do dólar esteja confortável e, exceto pela insustentabilidade causada pelo alto deficit em conta corrente, o câmbio deve permanecer amplamente inalterado.

O maior desafio do Banco Central, no entanto, é controlar a inflação e as expectativas de juros. O presidente do BC, Alexandre Tombini, deu a entender que o ciclo de aperto monetário pode ser pausado, e a Selic –taxa básica de juros– não ser elevada na reunião de maio. As expectativas de inflação, porém, ainda levam os investidores a trabalharem com juros futuros próximos a 13% para 2015.

No cenário local, amanhã será divulgado o IBC-Br, que serve como uma aproximação do PIB, e na quinta será a vez da taxa de desemprego.

Post em Parceria com Gerson Sordi, graduando em economia pela FGV-EESP e consultora da Consultoria Júnior em Economia (CJE) da FGV (http://cjefgv.webs.com/), em nome da área de pesquisa da empresa


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