Folha de S. Paulo


A conta do setor elétrico brasileiro

A situação energética do Brasil vem ganhando contornos dramáticos. O baixo nível dos reservatórios de hidrelétricas somado ao custo das termelétricas causa desconforto para o governo, em pleno ano eleitoral.

Os imprevistos causados pela seca já somam um custo de R$ 34 bilhões, segundo a consultoria Thymos. Parte do valor, R$ 16 bilhões, ficará a cargo do Tesouro Nacional.

Os outros R$ 18 bilhões serão pagos por um aumento progressivo de tarifas a partir de 2015. Esse reajuste é estimado em 34,1% para as residências, de acordo com a consultoria energética PSR. Em um cenário pessimista, entretanto, o aumento pode chegar a 42,7%.

Apesar da fragilidade atual do sistema elétrico, o consumo de energia no Brasil vem crescendo. O aumento de consumo total em fevereiro chegou a 8,6%, em comparação com o mesmo período no ano passado segundo Informações divulgadas pela EPE (Empresa de Pesquisa Energética).

Conforme ilustrado no gráfico a seguir, a energia hidrelétrica representa 68% da matriz elétrica nacional, segundo dados da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica). Porém, a geração de energia em barragens vem sendo menor do que o normal em decorrência da maior seca registrada desde 1931. Isso forçao governo a manter as termelétricas, que são bem mais caras que a hidroelétricas, funcionando a todo vapor para suprir o sistema.

Nos dez primeiros dias de fevereiro, as termelétricas geraram quase 13 mil megawatts médios. O que equivale a 18,4% da demanda nacional no período, de acordo com o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico).E, caso a situação se agrave, as termelétricas podem usar a capacidade total de 22 mil megawatts.

O aumento do consumo, acompanhado por dificuldades na geração de energia,eleva a possibilidade de racionamento. O risco de um corte superior a 4% da demanda nacional chega a até 46%, de acordo com dados da consultoria PSR.

A falta de rentabilidade do setor agravada pelas intervenções estatais diminui os investimentos.AEletrobrás, por exemplo, teve prejuízo de R$ 6,3 bilhões da Eletrobrás o que desapontou investidores.

O governo já busca soluções para esse impasse. O Ministério de Minas e Energia já programou um leilão de contratos de suprimento de energia para diminuir partedo rombo de 3,5 mil megawatts. Além disso, empresas já negociam o aumento de tarifas com a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica). A Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais), por exemplo, pleiteia um reajuste de 29,74% nos preços.

O aumento na conta de energia, infelizmente, já é certo. O que resta é viabilizar um plano de abastecimento que minimize os riscos de racionamento eque diversifique a matriz elétrica nacional.

Artigo em parceria com Luca Monsena que é graduando em Administração pela EAESP/FGV


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