Folha de S. Paulo


Mundo Econômico - 14 de janeiro

PANORAMA MUNDO

Na última semana, o dado de geração de empregos nos Estados Unidos foi o principal movimentador de mercados naquele país. Foram registrados apenas 74 mil novos empregos no mês de dezembro, contra a expectativa de quase 200 mil.

O desempenho ruim na geração de emprego levantou dúvidas sobre a robustez na recuperação americana e sobre a rapidez com a qual o Federal Reserve (Fed, banco central americano) deverá retirar os estímulos sobre a economia americana.

Caso a economia apresente sinais de debilidade, o Fed pode manter os estímulos do Quantitative Easing e/ou manter os juros do Tesouro a 0,25% por mais tempo.

Essa hipótese também mexeu com o câmbio, desvalorizando-o inclusive contra o real. Porém, analistas acreditam que o emprego baixo em dezembro foi causado pela onda de frio e que não deve se repetir.

De qualquer maneira, as ações que performaram melhor na bolsa foram as de caráter defensivo, ou seja, as que sofrem menos variações cíclicas na economia, como distribuidoras de energia e empresas de telecomunicação.

Além disso, olhando a queda nos retornos do Tesouro, ações de construtoras também tiveram alta. Na variação semanal, S&P 500 e Nasdaq tiveram alta de 0,6% e 1%, respectivamente, enquanto o Dow Jones registrou queda de 0,2%.

Assim como nos EUA, Europa e China não tiveram uma semana fácil. Enquanto a China vem perdendo competitividade e espaço na produção mundial devido à valorização de sua moeda, o yuan, e ao aumento nos salários, na zona do euro a inflação teve alta de apenas 0,8% e o desemprego continuou sem evolução, mantendo-se estável em 12,1%.

No caso chinês, dados de balança comercial decepcionaram. As exportações em dezembro subiram apenas 4,3% em comparação com dezembro de 2012, e o Superávit comercial ficou em US$ 25,6 bilhões.

No setor de serviços, a queda no PMI de 52,5 para 50,9 em dezembro causou estresse quanto ao ritmo de crescimento da segunda maior economia do mundo, e levou o índice Nikkei a uma queda de 2,35%. A boa notícia é que, apesar dos fatores citados acima, registrou-se inflação de 2,6% em 2013, demonstrando a eficácia da austeridade fiscal chinesa no controle da inflação.

A europa mal saiu da crise e já se encontra estagnada. Inflação baixa em 0,8% no ano contra os 2% da meta pode ser entendida como desaquecimento Além disso, o PIB europeu cresceu apenas 0,1% no terceiro trimestre de 2013. Comparado a 2012 houve recuo de 0,3%.

Mario Draghi, presidente do BCE (Banco Central Europeu), disse na semana passada, após anunciar que a taxa de juros na região permanece a 0,25%, que está disposto a utilizar todas as ferramentas a fim de impulsionar a recuperação do euro.

Nesta semana serão divulgados os índices de preço, mensal e anual, ao consumidor de vários países, com destaque para o da União Europeia e o dos EUA na quinta-feira

PANORAMA BRASIL

O ano de 2014 se mantém ruim para a bolsa brasileira. Na semana passada, a Bovespa esteve concentrada nos fundamentos macroeconômicos, na política fiscal e consequente risco de rebaixamento na classificação dos títulos da União, e nos dados de emprego americano.

O câmbio respondeu da mesma maneira, tendo se valorizado durante toda a semana, e fechando a última sexta-feira em queda de 1,34%, a R$ 2,36.

Dentre os fatores macro, o baixo desempenho chinês contribuiu para as perdas devido à grande dependência brasileira das importações chinesas. Porém, o resultado do IPCA (inflação oficial) em 5,91% para 2013 mantém à tona a questão do poder do governo em controlar a inflação dentro da meta

Para a semana, o mercado ficará atento à reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do BC), que termina dia 15. A expectativa é que a taxa de juros seja aumentada em 0,25 ponto percentual, mas alguns analistas acreditam que o IPCA alto e a possibilidade de um câmbio muito desvalorizado, chegando a R$ 2,50, possa levar os juros a um aumento de 0,50 ponto percentual.

Post em parceria com Gerson Sordi, graduando em economia pela FGV-EESP e consultor da consultoria Júnior em economia (CJE) da FGV (http://cjefgv.webs.com), em nome da área de pesquisa da empresa


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