Folha de S. Paulo


Entenda o que compõe o chamado custo Brasil

Por muitos anos, o real valorizado contribuiu para manter baixo o custo das importações, favorecendo a entrada de produtos diferenciados na cesta de bens do consumidor brasileiro.

A produção de itens no mercado doméstico, porém, é extremamente cara.

Um dos exemplos mais recentes é o do novo console da Sony, Playstation 4, que chega às lojas nacionais por R$ 4.000, enquanto nos Estados Unidos pode ser encontrado por US$ 400 (aproximadamente R$ 880).

Uma diferença dessa dimensão é uma exceção e, por isso, tem atraído tantos olhares. Contudo, o mercado está repleto de exemplos de produtos vendidos no Brasil com preços absurdos, indo desde smartphones --que custam R$ 2.300 e não passam de US$ 600 (R$ 1.300) no exterior-- a apartamentos de características semelhantes que saem por preços menores em Miami do que no Rio de Janeiro ou em São Paulo.

A diferença gritante está relacionada principalmente ao conjunto de obstáculos econômicos que dificultam a entrada de novas empresas no mercado e reduzem a competitividade do produtor, conhecido como Custo Brasil.

Segundo dados do Banco Mundial, o Brasil é um dos países com maior dificuldade para se abrir um negócio, com 13 procedimentos necessários à criação da empresa e cerca de 119 dias até que o processo esteja completo, enquanto a média para os países da América Latina é de nove procedimentos e 51 dias.

Depois de aberta, a empresa enfrenta gastos com segurança privada, transporte custoso, aluguéis caros, a maior taxa de juros do mundo em financiamentos e a divisão dos lucros com o governo por meio de impostos.

Nesse cenário, fica distante a possibilidade de tornar o produto interno mais competitivo no mercado.


Endereço da página: