Folha de S. Paulo


Dois de cada espécie

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Entrada da sede do Supremo Tribunal Federal na praça dos Três Poderes, em Brasília
Entrada da sede do Supremo Tribunal Federal na praça dos Três Poderes, em Brasília

"Qual a obrigação de um gato quando encontra um rato?" Em princípio, a frase poderia ser de Santo Agostinho, que gostava de coisas assim, mas com outro conteúdo, tornando-se um dos gênios da Antiguidade. Outro que poderia ter dito o mesmo seria o padre Antônio Vieira, o imperador de nossa língua, que tinha estilo igual, mas sempre com outro significado.

Contudo, a frase e o conteúdo são de Adolph Hitler, explicando a razão e falta de razão para tornar-se o maior assassino de história. A desvantagem dos ratos é que não souberam criar as liminares que atualmente, a custo de jatos, estão tentando lavar a corrupção política e empresarial, mais nefasta e letal do que a febre amarela e os atrasos dos aviões de carreira.

Quando o Criador desconfiou que pisara na bola ao fazer o homem, deu uma de Sergio Moro, que tem procurado consertar as coisas na face da Terra. Como arquiteto naval primitivo, Deus escolheu Noé, o único justo na face da Terra, para fazer uma arca, dando-lhe até o número de côvados que cada espaço devia ter para abrigar todos os animais, um casal de cada espécie.

Evidente que nem o Sergio Moro nem o Supremo Tribunal Federal, dando ou não dando liminares justas ou injustas, dificilmente terão tecnologia e know-how bastantes para salvar do tsunami da corrupção um Noé e os animais, dois de cada espécie.

Sugiro ao presidente Michel Temer, embora não tenha autoridade para isso, a contratação urgente de uma orquestra de violinos, igual à do "Titanic", para tocar desde o "Danúbio Azul" até o "Tico-Tico no Fubá" em arranjo do maestro Antônio Carlos Jobim. Justo no momento em que afundaremos no dilúvio da corrupção, mas com a vantagem de levarmos animais, dois de cada espécie.


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