Folha de S. Paulo


Técnico prestigiado

RIO DE JANEIRO - Não faz tanto tempo assim, um time perdia três ou quatro partidas seguidas, tirante a primeira, contra um dos grandes, as demais eram equivalentes a jogos com Sampaio Correia, Figueirense e Avaí, as outras poderiam ser desculpáveis. Os torcedores e a mídia esculhambavam o técnico, a diretoria procurava uma substituição.

O paredro principal, o presidente do clube, vinha a público e garantia que o técnico estava prestigiado, ninguém na diretoria pensava em demiti-lo, era apenas uma fase ruim. Na semana seguinte, o técnico tão prestigiado era demitido e contratado por um time do interior do Piauí.

Na semana que passou, o ministro da Fazenda teve uma reunião pesada com a presidente Dilma.

Devido à péssima situação do país, todos esperavam a exoneração do titular, Joaquim Levy, tido e havido como o principal culpado pela caótica recessão que atravessamos e que o próprio governo admite, mas promete combater com firmeza e competência.

Alguns jornais, revistas e TV tinham matérias prontas, algumas assinadas por colunistas de peso, trazendo inclusive o nome e as virtudes do próximo encarregado das finanças do país, capaz de combater a recessão que o próprio governo admite e lamenta, mas garante que vai acabar e que voltaremos a uma Idade de Ouro que nem Ovídio ousou prever.

Eis que, terminada a reunião, um dos muitos cobras que dela participaram garante com todas as letras que o ministro Joaquim Levy está "forte" e nega que alguém pense em substituí-lo.

No futebol, quando um paredro declara que "o técnico continua prestigiado" e que os problemas estão em fase de recuperação, todos entendem que a diretoria se empenha em procurar outro técnico.

Por debaixo do pano, surgem até os prováveis substitutos que salvarão a lavoura do time e da pátria.


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