Folha de S. Paulo


O crime e a tolice

RIO DE JANEIRO - Não se deve chutar cachorro atropelado. Mesmo assim, pela má argila da qual fui feito, eventualmente esqueço essa regra e dou os meus chutes por aí. Sem ter nada o que fazer, perdi o meu tempo e assisti à sessão da CPI sobre o escândalo da Petrobras, durante o depoimento de um dos chefões que estão sendo investigados. Por sinal, dos mais poderosos.

Um cidadão soltou no plenário meia dúzia de ratos, pequeninos. Não aprecio ratos. Não chegou a haver pânico nem gritos no recinto, mas não deixou de ser uma metáfora grosseira da situação nacional administrada há 12 anos pelo PT.

Não se pode nem se deve atribuir genericamente ao Partido dos Trabalhadores as nossas desditas. Mas depois do mensalão e do petrolão, tudo o que podia ser bom e melhor entrou num deslumbrante cano –um dos refúgios preferenciais dos ratos, também conhecidos como roedores. E que sabem, por instinto ou sabedoria própria, onde há as porcarias que podem alimentá-los.

Não acredito na redenção do PT, pelo menos enquanto dona Dilma e a alta hierarquia do partido estiverem no poder. Há um pecado original na arrogância e, em alguns casos, na ignorância quase total nessa turma.

Um anjo exterminador que passasse por aqui seria mais eficiente do que os ratos: acabaria com grande parte dos petistas, com exceção de alguns, poucos, mas suficientes para restaurarem o charme inicial do partido.

Além dos ratos, o que me incomodou foi a dúvida sobre o destino dos ladrões que assaltavam a Petrobras. Muitos deles ficarão impunes, poucos irão para a cadeia e pouquíssimos devolverão o que roubaram.

A sociedade merece uma reparação proporcional ao tamanho do crime praticado pelo PT. Isso é uma coisa. Agora, cassar o registro do partido, colocando-o na clandestinidade, além de ser um crime, é uma tolice.


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