Folha de S. Paulo


Mayday

RIO DE JANEIRO - O desastre de um avião nos Alpes franceses, mais cedo ou mais tarde, será transformado em documentário. Os acidentes aéreos são sempre atribuídos à falha humana, as companhias tendem a não aceitar a culpa dos aparelhos geralmente fatigados, preferindo jogar a responsabilidade nas tripulações.

A recente tragédia não escapou desta tendência. A culpa pelo acidente ficou com o copiloto.

Vou citar dois casos. Nos aviões do futuro, na cabine dos comandantes ficarão somente dois pilotos e um cachorro, provavelmente um pitbull, que será treinado para impedir qualquer intervenção humana na direção do aparelho. Um movimento dos pilotos em direção ao painel de controle e o cachorro impedirá qualquer gesto dos comandantes, ficando o avião entregue ao sofisticado sistema eletrônico que cuidará da velocidade, altitude e direção ao aeroporto predeterminado.

Outro caso que conheço, soube por relatos fidedignos. Ocorreu num avião da Taca (Transportes Aéreos da América Central). Os passageiros foram chamados para embarcarem, assim que se sentaram nas poltronas, o comandante ligou os motores da aeronave. Logo em seguida, avisou que um dos reatores não estava funcionando bem e pediu que os passageiros voltassem para a sala de espera, pois precisava trocar a peça defeituosa.

Os passageiros saíram em direção ao aeroporto, nem tiveram tempo de tomar um cafezinho. Logo o alto-falante da companhia pediu que todos voltassem para o avião. Um dos passageiros perguntou a um membro da tripulação, por que em tão pouco tempo (10 minutos) um motor avariado foi substituído por outro:

– Como conseguiram trocar o motor em tão pouco tempo?

A resposta foi rápida:

– Não trocamos o motor, mas trocamos o piloto, que é um covarde.


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