Folha de S. Paulo


Maximiano Campos

RIO DE JANEIRO - Não costumo fazer necrológios e, quanto a temas políticos, só trato de determinado assunto, crise e personagem em poucas ocasiões, mesmo assim, com a má vontade que os eventuais leitores reclamam e eu próprio proclamo.

Até agora nada escrevi sobre a morte de Eduardo Campos. Pessoalmente, eu o admirava, mas não votaria nele por dois motivos: primeiro, não acredito na democracia representativa, responsável entre outros malefícios pela altíssima taxa de corrupção no Brasil e em outros países. Evidente que os Estados totalitários, além da corrupção estrutural, são criminosos porque assassinam a liberdade e adotam a tortura como instrumento de poder.

O outro motivo é a minha exagerada faixa etária. A lei me dispensa do dever cívico de botar um papel ou apertar um botão, dentro da cabine eleitoral.

Não comentarei a tragédia que nos levou um candidato presidencial ainda moço e ostensivamente simpático. Falarei sobre o pai dele, falecido em 1998, deixando valioso legado cultural.

"Maximiano Campos, pai de Eduardo Campos, pernambucano de nascimento e advogado por formação, enveredou por várias vertentes da literatura. Escreveu livros de poemas ("Lavrador do Tempo", "Do Amor e Outras Loucuras"), romances ("Os Cassacos" e "Sem Lei Nem Rei") e novelas ("O Major Façanha" e "A Memória Revoltada"). Foi como contista, no entanto, que atingiu sua maturidade artística. Neste gênero, lançou três livros: ("As Emboscados da Sorte", "As Sentenças do Tempo", "As Feras Mortas"). O livro "Na Estrada", são 45 historietas, frutos de uma compilação das três obras anteriores, mais a publicação de cinco contos inéditos –explica Antonio Campos, irmão de Eduardo Campos e presidente do Instituto que leva o nome do pai. ("Jornal do Commercio", 14/10/2004)".


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