Folha de S. Paulo


A Copa e as eleições

RIO DE JANEIRO - A Copa já está na metade e as eleições estão cada vez mais próximas. Embora haja entusiasmo do povo e da mídia, ainda não houve um grande jogo e o futebol exibido é medíocre.

Tirando pouquíssimos lances, a atuação do goleiro Júlio César contra a seleção do Chile, e uma falta, genialmente cobrada por Lionel Messi contra a Nigéria, tivemos uma sucessão de quase peladas.

O único craque tamanho-família que apareceu foi Neymar, um craque em ascensão mas longe de um Pelé, Garrincha, Didi, Tostão, Gérson, Nilton Santos e outros que brilharam em Copas recentes. Faltou um gigante, um Adamastor –monstro camoniano–, que pusesse no coração dos adversários "um grande medo".

Pulando da Copa para as eleições em outubro, acontece mais ou menos a mesma coisa, embora despojada do entusiasmo popular do qual todos participamos. E a razão para essa indiferença é também a ausência de um Adamastor entre os candidatos. Citando Camões outra vez; "uma nuvem que os ares escurece, sobre nossas cabeças aparece", a tripulação das caravelas borrava-se "de um grande medo".

Na corrida eleitoral, como no Mundial, faltam gigantes. Um ou outro partido merece respeito, mas a oferta de legendas e coligações não é suficiente para eletrizar o cenário.

Quando publiquei meu primeiro livro, um crítico do "Jornal do Brasil" entrevistou-me. Puxou uma frase minha para título: "O autor brasileiro enfrenta dois obstáculos: a mediocridade dos outros e a própria mediocridade".

Não entendo o Felipão. Ele diz que não dispensa Fred, mas o coloca parado na pequena área, cercado de dois ou três zagueiros. Poucas bolas chegam até ele.

Na Copa das Confederações, ele foi o grande destaque da seleção, e confirmou a sua capacidade de fazer gols deitado.


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