Folha de S. Paulo


Fetiche no bigode

Pedro Ladeira/Folhapress
GALERIA DA SEMANA - MAR 04 - BRASILIA, DF, BRASIL, 23-05-2016, 16h00: O Presidente interino Michel Temer, acompanhado dos ministros Romero Juca (Planejamento), Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo) e Henrique Meirelles (Fazenda), durante encontro com o presidente do senado senador Renan Calheiros (PMDB-AL) para entregar projeto de lei da meta fiscal de 2016 do Governo para o Congresso Nacional, no gabinete da presidência do Senado Federal. (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress, PODER)
Romero Jucá, Michel Temer e Renan Calheiros

BRASÍLIA - Se eles tivessem combinado, não sairia melhor. No mesmo dia, Michel Temer, Renan Calheiros e Romero Jucá atacaram o Ministério Público Federal. O alvo dos peemedebistas foi um só: o procurador-geral da República, Rodrigo Janot.

Temer inaugurou a artilharia antes de embarcar para a China. "Sabemos que tem gente que quer parar o Brasil, e esse desejo não tem limites. Quer colocar obstáculos ao nosso trabalho, semear a desordem nas instituições, mas tenho força necessária para resistir", afirmou.

O presidente não citou o nome de Janot, mas o recado teve endereço certo. Desde que foi denunciado ao Supremo, ele repete o discurso de que o procurador tenta "parar o Brasil". Na visão de Temer, parar o Brasil é sinônimo de parar Temer.

O segundo a atacar foi o líder do governo no Senado, Romero Jucá. Alvo de três denúncias por corrupção em sete dias, ele reagiu de forma inusitada: em vez de se defender das acusações, sugeriu que o chefe da Lava Jato teria "fetiche" em seu bigode.

"Eu diria que pelo menos é uma fixação. Ele até deu declaração sobre o meu bigode. Não sei se é um fetiche ou alguma coisa", afirmou Jucá.

Em fevereiro, o senador já havia se arriscado nessa temática ao comentar a proposta de restrição do foro privilegiado. "Se acabar o foro, é para todo mundo. Suruba é suruba. Aí é todo mundo na suruba, não uma suruba selecionada", dissertou.

Faltava Renan. Ao ser questionado sobre as últimas denúncias da Procuradoria, o ex-presidente do Senado se arriscou como psiquiatra. "É um típico caso de esquizofrenia", diagnosticou, referindo-se a Janot.

Os ataques simultâneos reforçam o que o leitor já percebeu: não há nada mais eficiente para unir o PMDB do que as sirenes da Lava Jato. Nesta terça, o som ficou mais alto por três motivos: a entrega da delação de Lúcio Funaro, a aparição de Joesley Batista na Procuradoria e os rumores de que a segunda denúncia contra Temer está prestes a vir à tona.


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