Folha de S. Paulo


Vidas privadas, homens públicos

LONDRES - Depois de optar pela vida pública, um político pode reivindicar a mesma privacidade que a lei garante para os demais cidadãos? A Justiça britânica entende que não.

Na semana passada, uma corte superior estabeleceu que o eleitor tem direito a ser informado em detalhes, mesmo que embaraçosos, sobre a vida privada de quem pede seu voto.

A decisão encerrou uma disputa judicial entre uma ex-amante do prefeito de Londres, Boris Johnson, e o tabloide "Daily Mail". O processo se arrastava desde julho de 2010, quando o jornal revelou que o político, casado, teve uma filha fora do casamento com a socialite Helen Macintyre.

Para os juízes britânicos, o "legítimo interesse público no caráter do pai", prefeito, deve prevalecer sobre o direito à privacidade dele próprio e de sua ex-amante.

"A principal informação da reportagem (...) era um assunto de interesse público, sobre o qual o eleitorado tinha o direito de ser informado ao julgar a aptidão dele [Boris] para o cargo público", afirmou o tribunal.

A decisão flertou com o moralismo ao tratar o caso de adultério como "traição dupla" à mulher de Boris e ao então companheiro de Macintyre. No entanto, o tribunal ressaltou que a ex-amante do prefeito mostrou não ligar tanto para sua privacidade ao contar a história à revista "Tatler", na qual posou para fotos com o bebê.

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O prefeito do Rio, Eduardo Paes, deu um soco na cara de um eleitor que o chamou de "bosta" num restaurante do Horto. O político estava em um espaço público e foi protegido por seguranças, que impediram o revide.

"Críticas, em geral, são muito bem-vindas, pois nos ajudam a reparar equívocos e a crescer. O que não é aceitável são agressões pessoais em momentos privados diante da minha esposa", disse Paes, em nota.

Imagina em Londres...


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