Folha de S. Paulo


Economia

A atividade econômica de qualquer sociedade, ou seja, a sua capacidade de produzir os bens e serviços para atender às suas necessidades materiais e deixar um "surplus" para o seu processo reprodutivo, é determinada pela organização social em que ela está inserida. Explora os recursos naturais do território que ocupa dissipando-os (transformando-os em bens e serviços que consome) e devolvendo o resíduo (recursos degradados) à natureza.

Alguns são renováveis (água, por exemplo), mas a maioria tem disponibilidade finita, o que sugere: 1º) uma escassez crescente e 2º) que existe limite físico para a expansão demográfica. Esta depende, basicamente, do avanço da sua capacidade tecnológica de aumentar a produtividade no uso dos recursos.

Não importa qual seja a organização política da sociedade, ela tem que decidir, na sua organização econômica, como vai lidar com duas questões: a produtividade e a escassez para conseguir a sua sobrevivência material. Pois bem: ajudá-la a encontrar a solução desses problemas é o que a sociedade espera dos economistas quando investe seus recursos escassos para sustentá-los nos seus estudos e pesquisas.

Eles constituem a esperança na construção de uma utopia, a sociedade "civilizada". O conhecimento de como funcionará um "bom" sistema econômico não é a civilização é apenas a sua possibilidade!

A história do pensamento econômico mostra que ele não é, nem pode ser, uma ciência "dura" que possa "descobrir" leis naturais imutáveis nem é um conjunto de leis determinísticas que dependem das circunstâncias históricas fora do nosso controle.

Precisa ser um conhecimento aberto a todas as soluções tecnicamente não contraditórias e, portanto, a todas as que podem ser imaginadas, cada uma com seus "valores" implícitos, como disse o grande economista matemático-probabilista Bruno de Finetti.

Mas quais os requisitos que deve ter uma organização econômica aceitável que atenda as exigências de qualquer sociedade? Para ele: 1º) produzir um menor grau de desigualdade entre os homens e cultivar a solidariedade com os menos favorecidos pela sorte; 2º) reduzir o papel do acaso e da influência dos "outros" na vida de cada um; 3º) reduzir, pelo seguro social, a "comoditização" de certos bens essenciais; 4º) permitir a máxima liberdade individual enquanto não limitar a do "outro" e 5º) ter a máxima simplicidade no seu funcionamento.

Temos três "escolas" na economia: a neoclássica, a marxista e a keynesiana, nenhuma das quais satisfaz às cinco condições. A única forma de fazê-lo é usar o conhecimento de cada uma no jogo continuado entre a urna e o mercado.


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