A Olimpíada está acabando. Para quem gosta de esporte, foram duas semanas memoráveis, com os feitos de Bolt, Phelps, Rafaela Silva, Thiago Braz, Katie Ledecky e a ressurreição de Del Potro. Os momentos mais tristes foram as mortes de Stefan Henze, técnico da seleção de canoagem da Alemanha, em um acidente de carro, e do soldado Hélio Vieira Andrade, da Força Nacional, assassinado a tiros ao entrar por engano no Complexo da Maré. A lamentar também a indecência do boxeador egípcio em não cumprimentar seu oponente israelense, a molecagem de Ryan Lochte, o piti de Renaud Lavillenie e a falta de educação do público em algumas competições.
Terminada a festa, restará ao Rio de Janeiro se virar sem os aportes emergenciais do governo (na tarde de quinta-feira, dia 19, uma reunião de urgência liberou R$ 250 milhões em dinheiro público para a Paraolimpíada, que começa em 7 de setembro) e sem a maquiagem de segurança proporcionada pela tropa de 85 mil profissionais destacada para os Jogos. O que acontece depois?
É o que preocupa o secretário de segurança do Estado do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame. Em entrevista à BBC Brasil, ele disse: "Como é que você vai fazer as coisas com os policiais sem salário? Com os batalhões às vezes sem alimentação? (...) Como é que eu vou exigir que o policial saia para a rua, arrisque a vida e que se comprometa com uma sociedade e com um Estado, se esse Estado não paga? Nós estamos vivendo um dos momentos mais difíceis da segurança pública no Rio".
Os calotes do governo estadual não se limitam aos policiais. Há poucos dias, a empresa Air Liquide, que fornece oxigênio para oito hospitais do Estado do Rio, anunciou que pode suspender o fornecimento por falta de pagamento.
Outra grande preocupação é o custo dos aparelhos olímpicos depois dos Jogos. O governo estadual havia anunciado para o dia 4 deste mês uma licitação para a exploração comercial do Parque Olímpico, mas a adiou para o dia 26. Moradores do Rio estão carecas de saber o que acontece com arenas esportivas erguidas com dinheiro público, como os ginásios do Pan e o Maracanã, que foi destruído e reconstruído ao custo de R$ 1 bilhão e hoje virou um mico que ninguém quer.
Depois da Olimpíada, os turistas vão embora, e a imprensa, também. Aos fluminenses restará a volta ao duro cotidiano de seu Estado lindo e falido. O maior desafio do Rio não foi fazer a Olimpíada, será como sobreviver depois dela.