Quando o baixista Peter Hook saiu do New Order, em 2007, muita gente achou que seria o fim da banda. Afinal, era um dos fundadores do grupo e parceiro do cantor e guitarrista Bernard Sumner desde o fim dos anos 1970, quando formaram o cultuado e influente Joy Division —a banda se tornaria o New Order após o suicídio do cantor Ian Curtis (1956-1980).
| Avener Prado/Folhapress | ||
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| New Order no festival Lollapalooza 2014, em São Paulo |
Mas os atritos entre eles chegaram a um ponto sem volta, e Hook resolveu pular fora. Sumner, então, tomou as rédeas do New Order: levou a banda para a estrada em longas turnês por todo o mundo —incluindo uma passagem pelo Brasil, no Lollapalooza, em 2014— e começou a compor um novo disco, o primeiro de músicas novas em dez anos (a banda lançou "Lost Sirens" em 2013 com músicas gravadas para "Waiting for the Sirens' Call", de 2005).
"Music Complete" é o décimo disco de estúdio do New Order. Se não tem a mesma qualidade de "Power, Corruption & Lies" (1983), "Low-Life" (1985) e "Technique" (1989), também não decepciona. É uma boa coleção de canções que funcionam tanto na pista quanto no palco.
O álbum tem convidados de peso: Tom Rowlands (Chemical Brothers) produziu duas faixas, Iggy Pop fez um vocal sombrio e sussurrado em "Stray Dog", e dois astros pop —Elly Jackson, do grupo synthop La Roux, e Brandon Flowers, da banda The Killers— também emprestaram suas vozes a algumas canções. Um dos destaques é "People on the High Line", uma discoteca à Chic.
Com 35 anos de carreira, o New Order não precisa mais inovar ou provar nada para ninguém. Poucos nomes na música pop fizeram tão bem a ponte entre o rock e a música eletrônica e influenciaram tanta gente. "Music Complete" não vai entrar para a lista de grandes feitos da banda, mas é uma continuação digna e competente para uma carreira extraordinária.
CONEXÕES
DISCO
Music Complete - muito bom
New Order (Mute, 2015, R$ 50)
LIVROS
Tocando a Distância - Ian Curtis e Joy Division - bom
Deborah Curtis (Edições Ideal, 2014, 328 págs., R$ 39,90)
História de Ian Curtis, o talentoso e sorumbático cantor do Joy Division, contada por sua viúva, Deborah. Foi o suicídio dele que fez o resto do grupo virar o New Order.
Joy Division - Unknown Pleasures - muito bom
Peter Hook (Seoman, 2015, 392 págs., R$ 46,80)
Aqui é Hook que conta a história da banda, e sua descrição é bem diferente —mais alegre e engraçada. Na visão de "Hookie", nem tudo era escuridão no reino do Joy Division.
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LIVRO
Alguém Come Centopeias Gigantes? - ótimo
V. Vale. Organizador: Fábio Massari (Edições Ideal, 2015, 304 págs., R$ 49,90)
Organizado por Fábio Massari, reúne entrevistas feitas por V. Vale para o fanzine "Search and Destroy". São papos longos e instigantes com personagens lendários da música, do cinema e da literatura. Que outro volume reuniria The Cramps, William Burroughs, Lawrence Ferlinghetti, Jello Biafra, Devo, Patti Smith, John Waters e J.G. Ballard? Legal demais.
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DISCO
Hunting High and Low - muito bom
A-ha (Warner Music, 2015, R$ 28,40)
Ao encontro da passagem da banda norueguesa A-ha pelo Rock in Rio, o primeiro disco do conjunto está sendo relançado em versão remasterizada. São dez faixas de pop de primeira, incluindo sucessos como
"Take on Me", "Hunting High and Low", "Love Is the Reason" e "The Sun Always Shines on TV". Trinta anos depois, a música do A-ha soa mais nova e criativa do que muito popzinho de FM por aí.
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FILME
Enquanto Somos Jovens - muito bom
Noah Baumbach (Mares Filmes, R$ 29,90)
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| Ben Stiller e Naomi Watts protagonizam o drama cômico "Enquanto Somos Jovens" |
Dirigida pelo talentoso Noah Baumbach, a comédia foca os quarentões Cornelia (Naomi Watts) e Josh (Ben Stiller), que vivem crise no casamento. As coisas pioram quando conhecem um casal de hipsters jovens, lindos, talentosos e aparentemente perfeitos (Amanda Seyfried e Adam Driver) que os fazem questionar suas vidas e ambições.