Folha de S. Paulo


"Berlusconis" do Brasil se alinham para 2018

Maurizio Calzari/Reuters
Former prime minister Silvio Berlusconi feeds a lamb with a baby bottle in this undated photo released by the Italian League in Defence of Animals and the Environment. Maurizio Calzari/Lega Italiana Difesa Animali e Ambiente/Handout via Reuters ATTENTION EDITORS - THIS PICTURE WAS PROVIDED BY A THIRD PARTY. EDITORIAL USE ONLY. NO RESALES. NO ARCHIVE. ORG XMIT: ROM101
O ex-primeiro ministro da Itália, Silvio Berlusconi, dá mamadeira a cordeiro em foto divulgada pela Liga em Defesa dos Animais

RIO DE JANEIRO - "A história é rica de homens aventureiros, com carisma e escasso sentido de Estado, mas com um alto sentido de seus próprios interesses, que desejam instaurar um poder pessoal, passando por cima de parlamentos, magistraturas e constituições, distribuindo favores entre seus cortesões e cortesãs."

A estocada —do romancista e semiólogo Umberto Eco, publicada na revista "L'Espresso" em 2009— tinha como alvo Silvio Berlusconi, então primeiro-ministro da Itália pós-Operação Mãos Limpas. Também serve para o Brasil de ontem —e o de hoje, sacudido pela Lava Jato. A carapuça encaixa-se à perfeição em certas cabeças que surgem como presidenciáveis nas eleições de 2018.

De um lado está Lula, velho conhecido. De outro, aqueles que se apresentam como novidade. Prefeito de São Paulo que se veste como antipolítico profissional, João Doria disputa a indicação pelo PSDB. Usa, em sua "gestão", o molde da democracia populista criada nos programas de televisão. E aproveita qualquer oportunidade para bater naquele que prefere como adversário: "Lula é um bandido".

Com o mesmo figurino midiático e um nariz de tucano ainda maior, Luciano Huck lançou seu balão de ensaio em entrevista à Folha. Numa frase, mostrou o que se pode esperar dele na política: "Se foi golpe ou não, não importa".

Jair Bolsonaro (PSC-RJ) leva o discurso de ódio presente nas redes sociais —onde tem milhares de seguidores com cara de ovo— para sua campanha. Em recente palestra no clube Hebraica, narrou a visita que teria feito a uma comunidade quilombola: "O afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas. Não fazem nada. Eu acho que nem para procriador ele serve mais".

Em tempo: Berlusconi renunciou em 2011, para tirar o país do abismo econômico e livrar-se de um chorrilho de escândalos.


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