Folha de S. Paulo


Pixinguinha aparece de pijama em nova estátua

Antonio Lacerda/Efe
BRA04. RÍO DE JANEIRO (BRASIL), 8/12/2014.- Detalle de una estatua en homenaje al compositor brasileño Tom Jobim que fue inaugurada hoy, lunes 8 de diciembre de 2014, en el vigésimo aniversario de su muerte en la playa carioca de Ipanema, que inmortalizó en su inolvidable canción
Estátua em homenagem a Tom Jobim em Ipanema, no Rio de Janeiro

RIO DE JANEIRO - Para cada presidente que cai no Brasil, o Rio levanta 30 estátuas. Paroxismo do gosto municipal, tem-se a impressão de que elas brotam das calçadas da noite para o dia, por força de geração espontânea. Mas não é bem assim.

No momento, o escultor Edgar Duvivier está em campanha para que, em Ipanema, ao lado de Tom Jobim carregando o violão — um Tom que mais parece um havaiano de filme de Elvis Presley —, surja Vinicius de Moraes, de óculos escuros, calça pescando siri e alpargatas. Nada mais adequado. Mas, e se outros parceiros de Tom, ou seus representantes, requererem a mesma honra?

Teríamos, em bronze, as figuras de Newton Mendonça, Dolores Duran, Luiz Bonfá, Billy Blanco, Marino Pinto, Paulo Soledade, Aloysio de Oliveira, Chico Buarque, Cacaso, Paulo César Pinheiro, entre outros, incluindo Manuel Bandeira e Fernando Pessoa, cujos poemas ele musicou.

Natural que, por justiça, também se agrupassem os parceiros de Vinicius, uma lista ainda maior: Carlos Lyra, Baden Powell, Toquinho, Antonio Maria, Adoniran Barbosa, Marília Medalha, Paulo Tapajós, Vadico, Edu Lobo, Cyro Monteiro, Ary Barroso, Francis Hime, Garoto, Moacir Santos, Claudio Santoro, Jards Macalé, Fagner, Alaíde Costa, João Bosco e muitos mais. Até Johann Sebastian Bach. Convenhamos: seria uma espantosa multidão de estátuas que tomaria inteiramente a pedra do Arpoador.

Vinicius de Moraes pôs letra em choros e sambas de Pixinguinha, que vai ganhar uma segunda escultura, no traço de Ique, em Ramos. A primeira fica na travessa do Ouvidor — Pixinga aparece tocando saxofone e contorcendo-se como se em meio a uma crise de dor de barriga. A nova homenagem, ao menos, deixa o autor de "Lamento" perto de um botequim, de pijama e chinelas, mui à vontade para enfrentar a vida besta das estátuas diante da posteridade.


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