Folha de S. Paulo


O elefante do Serginho

Moacyr Lopes Junior - 13.jul.2014/Folhapress
RIO DE JANEIRO, RJ, BRASIL. 13.07.2014. Fogos de artificio na final da Copa do Mundo, no Maracana. (Foto: Moacyr Lopes Junior/Folhapress, ESPORTE). ***EXCLUSIVO***
Fogos de artificio na final da Copa do Mundo, no Maracanã

RIO DE JANEIRO - Para quem gosta, será um prato cheio. Daqui a 24 dias, cerca de três bilhões de pessoas estarão ligadas na abertura dos Jogos Olímpicos. Aguarda-se a presença de 60 chefes de Estado. Na tribuna presidencial, Temer; na de honra, Dilma; ambos estrelando o filme "O Brasil e Seus Dois Presidentes" e recebendo o que provavelmente será a maior vaia da história.

Mas quantas dessas pessoas que não vivem aqui saberão que o palco da festa — o Maracanã, que um dia foi o maior estádio do mundo — virou uma espécie de símbolo da patifaria que se instalou no país?

Ninguém consegue explicar — muito menos o ex-governador Sérgio Cabral, que anda mais sumido que o Pato da Fiesp — por que a reforma do Maracanã custou R$ 1,2 bilhão, quase três vezes o preço inicial. Quando tenta, o governo mais se complica: alega que, por se tratar de estádio tombado, houve um "desafio de engenharia", com custos maiores. Ora, a primeira coisa que se fez foi retirar as marquises, descaracterizando a arquitetura original. Hoje é uma "arena" igual às que existem na Islândia ou na China.

Fechado por mais de quatro nos últimos 11 anos, o Maracanã tem futuro incerto, a não ser que se considere um cemitério de elefantes brancos. Quem tem os direitos sobre ele quer passá-lo adiante. Quem teria algum interesse não tem como mantê-lo — os custos são estimados em R$ 50 milhões anuais, o que torna irrealizável a parceria (em verdade, uma jogada eleitoral) da prefeitura com a dupla Flá-Flu.

Faço uma confissão: na faculdade de jornalismo, dividi carteiras (as de estudo, bem entendido) com o ex-governador, na época o Serginho. Trocamos duas palavras e disputamos algumas peladas. Com o tempo, descobri que ele pode ter outros interesses na vida, mas gostar de futebol não é um deles. O Serginho destruiu o Maracanã.


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