Folha de S. Paulo


Garrafinhas d'água sobre as mesas do restaurante ainda serão malvistas

Ricardo Borges/Folhapress
Rio de Janeiro, RJ, BRASIL. 10/08/ 2016; Por medida de seguranca o a Rio2016 esta vendendo bebidas sem a tampinha para que nao joguem garrafa cheia durante as competicoes. (Foto: Ricardo Borges/Folhapress) *** EXCLUSIVO FOLHA ***

Sofro quando vejo se proliferarem garrafinhas d'água sobre a mesa de um restaurante enquanto garçons seguem, alegremente, oferecendo refil.

Aquele plástico todo me aflige! Se termino o almoço diante de oito garrafinhas e há 25 mesas no restaurante, fico imaginando os quinze sacos de lixo que serão enchidos com as pequenas PETs que nós, clientes, esvaziamos. Absurdo!

Embora gere muito lixo, o PET (politereftalato de etileno) faz e sempre fará parte da vida de todos nós, na forma de mil e uma embalagens.

Ele tem suas qualidades: é um plástico polivalente, inodoro, resistente, barato e largamente reciclado. No Brasil, cerca de um terço do PET jogado no lixo ressurge em forma de vassouras, moletons e mil e outros produtos insuspeitos.

Mas, se uma parcela das embalagens vazias vai para reciclagem, a maior parte —especialmente nas regiões mais pobres do Brasil— termina em lixões, parques, praias, ruas e lagos. Com o tempo e as intempéries, elas vão se partindo em pedaços que eventualmente se desfazem em pedacinhos e grãos que matam peixes, aves e outros animais por asfixia e envenenam a natureza.

Multinacionais que dominam o mercado de sucos, refrigerantes e águas bem sabem os danos causados pelo PET jogado fora sem cuidado e o impacto ambiental resultante da fabricação de recipientes desse material. Sabiamente, investiram alto em pesquisas buscando produzir garrafas PET menos nocivas à natureza.

Nestlé e Danone, as duas maiores companhias de água do mundo, lançaram em março a "Aliança Natural das Garrafas" e bolaram garrafas PET menos poluentes, feitas de cartolina, serragem e cascas de arroz —em vez dos componentes originais (ácido tereftálico e monoetilenoglicol).

A Coca-Cola foi além. Em 2010, a empresa lançou as chamadas "PlantBottles" ("garrafas-planta", em tradução livre), compostas de um PET inovador feito, em parte (30%), a partir de cana-de-açúcar do Brasil.

A marca ainda vende refrigerantes em garrafas chamadas RefPets, retornáveis e feitas de PET reciclado, que podem ser usadas em até 25 ciclos.

Nestlé e Danone prometem substituir gradativamente as embalagens PET feitas com combustíveis fósseis por outras fabricadas a partir materiais orgânicos. Essas gigantes puxarão a boiada. Em alguns anos, garrafas PET poluentes serão malvistas e malquistas. Assim espero.


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