Folha de S. Paulo


Redes famosas abrirão em São Paulo hotéis de alto luxo com restaurantes

Na minha infância, eu adorava quando meu pai me levava para comer nos restaurantes dos hotéis mais bacanas da São Paulo daquela época. Era imbatível a cozinha francesa do La Cuisine du Soleil, no Maksoud Plaza, comandada pelo chef baiano Léo Filho, mas eu preferia ir ao Ca'd'Oro, anexo ao lobby do hotel homônimo. Em seu salão cerimonioso, cortinas claras altíssimas resguardavam a elegante clientela do movimento ruidoso na rua Augusta.

Boa gastronomia e hotéis de luxo sempre andaram de mãos dadas, no Brasil e também lá fora. Muito lamentei a decadência, durante minha adolescência, do Maksoud Plaza e do Ca'd'Oro. Eventualmente eles foram substituídos pelo hotel Fasano, cujo restaurante reinou muitos anos como nosso maior exemplo de boa gastronomia hoteleira.

Eis que, no ano passado, o Ca'd'Oro renasceu das cinzas, assim como seu restaurante, enfeitado com estofados de veludo verde e piano de cauda. Em abril, entrou em cena o Seen, bem mais "cool", no "rooftop" do hotel Tivoli Mofarrej —com som animado, clientela bonita, vista de capotar e comida gostosa. Para completar, neste mês foi inaugurado o luxuoso Palácio Tangará, com um restaurante com a grife do chef celebridade Jean-Georges Vongerichten. Mesmo distante do epicentro de São Paulo, este último vem lotando, quiçá pela fama do chef-consultor, dono de um império com mais de 30 casas ao redor do mundo.

É só o começo. Até 2019, as prestigiosas redes Rosewood e Four Seasons inaugurarão hotéis de alto luxo. O primeiro será na Paulista. O segundo, para os lados da Berrini. Os dois terão restaurantes de alto nível, assinados por chefs famosos cujos nomes não foram divulgados. Em um futuro mais distante, virá ainda um Nobu Hotel, filial da rede hoteleira que leva o nome do famoso restaurante japonês Nobu, de Nova York, fundado pelo chef Nobu Matsuhisa em sociedade com o ator Robert de Niro. A rede tem unidades espalhadas de Malibu a Manila e expande a galope.

Por um lado, me alegro.

Esses restaurantes lindões darão um upgrade na oferta gastronômica. O leque de opções de onde comer em ocasiões especiais se abrirá e os milhões de capital estrangeiro investidos neles farão bem à cidade.

Por outro Haverá clientes para sustentar todos? Duvido.


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