Folha de S. Paulo


Roberta Sudbrack faz crítica a menu-degustação e chefs se sentem atacados

Zô Guimarães/Folhapress
Roberta Sudbrack, em seu antigo restaurante, no Rio de Janeiro
Roberta Sudbrack, em seu antigo restaurante, no Rio de Janeiro

A chef Roberta Sudbrack fechou seu restaurante homônimo, no Rio de Janeiro. Ao explicar sua decisão em entrevistas à imprensa e em um post numa rede social, foi gerado o maior bafafá entre chefs e gente ligada à gastronomia. Os pontos citados eram muitos, mas o que pegou foi ela ter dito que se cansou de menus-degustação, uma fórmula que ela mesma lançou no Brasil e que força o cliente a passar muito tempo à mesa e a pagar uma conta cara.

Alguns chefs que devem sua reputação a menus assim se sentiram indiretamente atacados. Felipe Bronze, que se gaba de servir em seu Oro, também no Rio, essa longa e elaborada sequência de pratos que ela criticou, chateou-se a ponto de defender-se publicamente em um texto postado na internet. "Acreditamos em apresentações lúdicas, design de louças únicas e procuramos, sim, proporcionar uma experiência diferente, com uma cozinha de vanguarda com direito a todos os pequenos e grandes luxos possíveis."

Roberta já me disse que acha chato, como cliente, ter que passar duas ou três horas ouvindo garçons explicando pratos, a formalidade dessa experiência. Detesta restaurantes "gastronômicos" e curte lugares simples e informais. O restaurante dela não era nem simples nem informal, então faz sentido que ela tenha decidido fechá-lo, querendo abrir outro que seja mais a sua cara.

Por um lado, eu a entendo. Acho muitos menus-degustação cansativos, repetitivos, caros demais pelo que oferecem e parecidos entre si. E sei de muita gente que concorda comigo. Só que nem tudo é farinha do mesmo saco.

Há alguns que, mesmo longos, prendem minha atenção de cabo a rabo, divertem-me, maravilham-me e fazem três horas passarem num piscar de olhos. Onde? Pakta, em Barcelona. Momofuku Ko, em Nova York, com sua pegada rock'n'roll. Blanca, também em Nova York. Faviken, no norte da Suécia, uma viagem a outro planeta. E mais uns tantos.

Os menus-degustação ruins, demasiadamente formais, arrastados, chatos e cheios de elementos plagiados são maioria —por isso, é importante escolher bem onde comer. Aqueles poucos excepcionais, que fogem de qualquer fórmula e conseguem transformar um simples jantar em uma experiência deliciosa e memorável, seguirão firmes. Sempre haverá gente fazendo fila para provar.


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