Folha de S. Paulo


Chef Albert Adrià considera almoço em São Paulo uma experiência 'brutal'

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O chef Albert Adrià, um dos palestrantes internacionais do evento Mesa SP
O chef Albert Adrià, um dos palestrantes internacionais do evento Mesa SP

O palmito fresco e a farofa fascinam estrangeiros, e com Albert Adrià, um dos mais premiados e geniais chefs do planeta, dono do Tickets e outros restaurantes concorridíssimos em Barcelona, não foi diferente.

Culpa da moqueca de palmito e banana-da-terra do Aconchego Carioca, no Rio -a primeira coisa que comeu ao pisar no Rio. As rodelas, largas e finas, haviam sido cozidas levemente na cheirosa moqueca alaranjada pelo dendê. Ele fartou-se de comer, salpicando farofa por cima, com um misto de gozo e espanto.

Ao chegar a São Paulo, onde passou a semana a convite da revista "Prazeres da Mesa", para palestrar no evento Semana Mesa SP, foi direto para o Mocotó, na zona norte da cidade. Saiu encantadíssimo.

Comeu mais farofa e provou um vinagrete de lula e polvo com. palmito, de novo, que nesse caso se desfazia em aneizinhos delicados.

No dia seguinte, Adrià passeou pelo Mercado de Pinheiros. Saiu com toletes de pupunha, decidido a, ele também, fazer algo com palmito.

No jantar Magno de encerramento do Mesa SP, no Dalva e Dito, serviu um falso carbonara em que fitinhas de pupunha faziam as vezes de talharim, com molho de ouriços, bacon e gema. Por cima, farofa de kimchi.

"Não faria sentido tentar reproduzir aqui o que faço em Barcelona. Busquei no mercado coisas locais e bolei algo que tem a ver com o que vi desde que cheguei."

Entre tantos e tantos, o prato que mais o impactou foi o tacacá (tucupi, goma e jambu) do Tordesilhas, outro lugar que superou muito suas expectativas.

"Agora virou moda entre chefs fermentar de tudo um pouco, e, no entanto, os índios amazônicos fazem isso brilhantemente desde sempre", disse.

Encomendou tucupi selado a vácuo para levar na mala e com certeza aquela cuia com caldo fumegante vai inspirar alguma criação futura.

A alegre orgia que foi seu almoço na Casa do Porco ele descreveu como "brutal" (em espanhol, é grande elogio!). Quando entrevistei-o, ele ainda ia comer no Santinho, da chef Morena Leite, e no D.O.M., de Alex Atala, mas àquela altura já tinha opinião formada.

Disse, convicto, que aqui encontrou alguns dos melhores restaurantes casuais do mundo e que a cozinha que ele viu merece ser muito mais conhecida lá fora. Vindo dele, não é pouca coisa


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