Folha de S. Paulo


Mais um ranking equivocado

Entrei no site da La Liste, recém-lançado ranking dos mil (supostamente) melhores restaurantes do mundo e busquei por "Brazil". Surpresa! Lá estava o Era Uma Vez um Chalezinho, de São Paulo!

Espantou-me vê-lo, assim como outros restaurantes medianos, entre os analisados (ainda que não tenha ficado entre os mil) pelo site que pretende apontar o que há de melhor na gastronomia mundial, enquanto notáveis como Esquina Mocotó e Shin Zushi tinham sido omitidos.

A Liste foi paga por patrocinadores como a Nestlé, mas concebida pelo governo francês, como revide ao controvertido ranking de 50 Melhores Restaurantes do Mundo da revista britânica "Restaurant" (dos quais só cinco são da França). Lançada no dia 17 no ministério francês das Relações Exteriores, em Paris, La Liste foi notícia no mundo todo e virou o jogo: na sua versão dos 50 melhores há nada menos do que 17 franceses.

Resumindo a complicada metodologia, os franceses "numerificaram" notas e estrelas de diversos guias e até comentários publicados por internautas em sites como TripAdvisor, e dali saiu uma nota para cada restaurante.

No Brasil, entraram no cálculo seis fontes, entre elas um guia publicado em 2012 por Amaury Júnior e uma lista risível do site "top 10 mais".

Os criadores da Liste respaldam-se na matemática para defender sua objetividade. Segundo o site, La Liste foi concebida para ser um agregador, um "melhor do melhor", baseado do modelo da ATP para o tênis, o Shanghai Ranking para universidades ou o Rotten Tomatoes para críticas de cinema.

Ora, alguém escolheu de onde tirar os dados que foram plugados na fórmula que deu as notas que definiram o ranking. Não há escolha objetiva. E mesmo se tivessem usado só fontes confiáveis, as notas não retratariam a verdade.

A verdade é que dizer que qualquer restaurante é o melhor do mundo ou que chef fulano ganha do sicrano por 30,5 pontos é uma grande mentira. La Liste, como o ranking concorrente, serve apenas para apontar focos de excelência gastronômica. E a França sempre estará entre eles.


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