Folha de S. Paulo


Pelos líderes

no Domingo passado (17), tivemos a demonstração dos nossos líderes políticos em ação na votação pelo impeachment presidencial. Confesso que, se não fosse trágico, seria cômico. Mas a realidade foi mesmo trágica.

No final do ano passado, o Observatório de Multinacionais Brasileiras da ESPM e a consultoria DMRH fizeram a seguinte pesquisa: o que esperamos de nossos líderes.

Não poderia ser mais oportuno. A votação no Congresso é praticamente o espelho da liderança do país. Nessa pesquisa, realizada com 1051 executivos brasileiros, foram listados os valores necessários para ser um líder ideal.

Em grau de importância, as dimensões mais valorizadas são integração, persuasão, engajamento e clareza de propósito. Vou me deter em apenas duas delas.

A persuasão consiste no poder de argumentar e convencer e reflete o quão forte são as convicções do líder. O chefe persuasivo é carismático, diplomático, inspirador, resolve problemas de maneira efetiva. Ele integra grupos, define as ações da equipe e dá a última palavra.

Quando o argumento para justificar um voto no Congresso é pelo filho, pelo neto, pela mulher e não por fundamentações técnicas referentes ao que está sendo julgado faltam argumentos e convicções.

Clareza de propósito no líder, segundo a pesquisa, está relacionada ao grau de consciência sobre o seu papel e como ele comunica, aos seus colaboradores, o que é esperado deles.

Os líderes com essa competência demonstram forte capacidade de comunicação e são capazes de criar e coordenar times.

Precisam focar em processos, decidir o que e como deve ser feito e estimular seus liderados a seguir regras e regulamentos.

Para isso, precisam servir de exemplo. Infelizmente, não vemos bons exemplos de liderança, por mais que o tema seja exaustivamente discutido.

Ainda há muito o que ser feito, inclusive rever como estão se desenvolvendo as novas lideranças. O que vemos atualmente não indica que estamos no caminho certo.


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