Um osso de titanossauro, uma das maiores espécies de dinossauro que habitou o Brasil, foi encontrado na zona rural de Jaci, cidade de menos de 7.000 habitantes no norte paulista, a 466 km da capital.
O fóssil tem 40 centímetros e pesa 25 quilos. Trata-se da cabeça do fêmur do dinossauro, que viveu no período Cretáceo –período que vai de 140 milhões de anos a 66 milhões de anos atrás– e habitou o interior do Estado.
Os titanossauros eram herbívoros, tinham o pescoço bastante alongado, eram quadrúpedes, mediam de 12 a 20 metros de comprimento e tinham cerca de seis metros de altura. Eles andavam sobre quatro patas e pesavam até 12 toneladas.
Estima-se que o fóssil encontrado seja de 70 milhões de anos atrás, a poucos milhões de anos da grande extinção dos dinossauros.
A descoberta do fóssil foi feita, por acaso, no fim de novembro pelo comerciante Romildo Goreti Goldoni, de 49 anos. Ele fazia a entrega de materiais de construção em uma fazenda quando encontrou o osso.
"Passávamos por um terreno onde será um loteamento de chácaras e os funcionários haviam arado a terra e ela estava toda revirada. Vi uma rocha que parecia um osso e resolvi pegar. Jamais imaginei que isso seria um achado histórico", diz.
Sem saber que se tratava de um fóssil de dinossauro, o osso foi levado para a loja do comerciante e ficou exposto para os clientes, até que um deles sugeriu que o comerciante entrasse em contato com o Museu de Paleontologia Pedro Candolo, em Uchoa, cidade próxima.
"Eu liguei porque um cliente falou que poderia ser um osso de dinossauro, mas eu nem imaginava, levei na brincadeira. Quando o pesquisador veio aqui e confirmou foi uma surpresa e ficamos muito felizes", conta.
| Leonardo Pascoa/Divulgação | ||
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| fóssil de titanossauro achado em Jaci, no interior de SP |
RARIDADE
Segundo o paleontólogo da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos) Marcelo Adorna Fernandes, o fóssil é um dos maiores já encontrados no Estado de São Paulo e pertence a uma espécie de dinossauro pouco comum na América Latina.
"Naquela época não tínhamos as divisões de territórios como temos hoje, essas divisões eram feitas por montanhas, rios e outros aspectos da natureza", diz Fernandes.
Segundo ele, os registros desses titanossauros foram feitos na área que hoje abrange o Brasil e também na Argentina. Em outros países eles ainda não foram localizados.
Após a descoberta, o paleontólogo Fabiano Vidoi Iori, que exerce voluntariamente atividades técnico-científicas em museus no interior, foi à área rural onde o fóssil foi encontrado.
Após uma busca superficial encontrou mais um fóssil, dessa vez o dente de dinossauro carnívoro, incrustado em uma pedra.
"Acreditamos que a área ainda reserve grandes descobertas arqueológicas. Em breve vamos fazer uma busca mais ampla e detalhada para tentarmos encontrar mais fósseis", diz o paleontólogo.
Os achados históricos colocam Jaci na lista de cidades em que ocorrem pesquisas arqueológicas.
"Por meio dessa lista conseguimos identificar a área de abrangência em que esses animais viveram. E colocamos no mapa de distribuição dos dinossauros na área do Brasil", explica Fernandes.
O fóssil de titanossauro foi levado para o museu de Uchoa, onde foi catalogado e já está em exposição para o público. Já o dente de dinossauro carnívoro vai passar por análise e será colocado em exposição, até o final de dezembro, no mesmo museu.