A corregedoria do governo paulista investiga suspeitas de irregularidades no Instituto Butantan, principal fabricante e centro de pesquisas de vacinas e soros do país, e na fundação que o administra.
A investigação foi aberta a pedido do governo após a realização de uma auditoria que teria constatado pagamentos sem contrato assinado e obras feitas em regime de emergência sem necessidade.
Os contratos investigados são anteriores a agosto de 2015, referentes ao período em que o médico Jorge Kalil, presidente do instituto, ligado ao governo de São Paulo, acumulava também o cargo de diretor-presidente da Fundação Butantan.
A Folha apurou que a corregedoria suspeita que houve superfaturamento em contratos e compras sem licitação.
Na quarta (9), André Franco Montoro Filho deixou o cargo de diretor-presidente da fundação e leu carta ao conselho da entidade tratando do que chamou de "impropriedades" na gestão do seu antecessor.
Antes de abrir a investigação, a corregedoria analisou documentação produzida pela auditoria, feita pela Colorado Consultoria Contábil & Empresarial, na qual foram avaliados aspectos econômicos e operacionais da gestão.
Segundo a corregedoria, a atual fase do processo de investigação prevê diligências, interrogatório de testemunhas e de funcionários. Haverá análise detalhada dos procedimentos de compras realizados pelo instituto e pela fundação.
O TCE (Tribunal de Contas do Estado) também analisa os gastos do Butantan. Ontem, o conselheiro do tribunal Dimas Ramalho enviou ofício a Montoro Filho e a Jorge Kalil solicitando informações sobre as supostas irregularidades.
Em nota enviada à Folha, a direção do instituto e o conselho da fundação afirmam que a auditoria "encomendada pelo secretário da Saúde [David Uip] mostrou que não houve apontamentos à gestão do professor Kalil".
Segundo a nota, a gestão sempre foi transparente e não entende as críticas feitas sobre os contratos. "Todos foram pegos de surpresa pela agressividade de Montoro Filho". ()