Folha de S. Paulo


Visita do Papai Noel não tem a ver com bom comportamento, diz estudo

Ilustração Luciano Veronezi

Não é sempre que o Papai Noel dá as caras no dia 25 de dezembro. Pesquisadores do Reino Unido e dos EUA então decidiram fazer um estudo para investigar as razões disso com algum rigor científico.

O estudo acaba de sair na última edição do periódico médico "British Medical Journal". Nesta época do ano, tradicionalmente a revista publica pesquisas curiosas e até fanfarronas ligadas ao Natal.

Desta vez a ideia foi investigar as visitas do bom velhinho a crianças em alas pediátricas em hospitais no dia de Natal. Para isso, os pesquisadores ligaram para todos os hospitais do Reino Unido buscando alguém que tivesse trabalhado nesta data em 2015. Para esses profissionais eles perguntavam se havia acontecido a ilustre visita.

Ao todo, a proporção de locais visitados não foi baixa –90,3%. Apesar disso, houve grande variação entre regiões do país: na região Nordeste da Inglaterra, a proporção visitada foi de 50% (3 de 6 hospitais). Já na região de Wessex, por exemplo, houve 100% de visitas em alas pediátricas (8 de 8).

Para explicar a discrepância, os cientistas resolveram testar a teoria do "bom menino", ou seja, se o bom comportamento infantil poderia influenciar de alguma maneira a visita do Papai Noel.

A resposta foi um sonoro não. Isso porque não existe qualquer relação que possa ser estatisticamente sustentada entre visita e a quantidade de faltas na escola ou entre visita e o índice regional de delinquência juvenil

Esses seriam parâmetros mais objetivos de "bondade" do que a autoavaliação das crianças, ponderam os autores.

A distância ao Polo Norte também foi avaliada, mas não parece exercer qualquer influência nas visitas a hospitais.

Entre as variáveis pesquisadas, a única que poderia ter uma ligação mais forte com a ausência do Papai Noel é a situação socioeconômica de cada região: quanto pior, menos Papai Noel.

Em uma escala de 1 a 10 de escassez, para cada avanço unitário a chance de não ser visitado pelo bom velhinho aumenta em 23%.

Outros fatores não medidos como disponibilidade de chaminés e de estacionamento gratuito para trenós também poderiam interferir, alegam os autores. Mais uma hipótese aventada é a de que o velhinho seria contratualmente obrigado a não alterar o status quo da sociedade.

Uma das possíveis soluções para amenizar a carência de visitas, sugerem os cientistas, seria revisar o atual contrato do Papai Noel e/ou contratar Papais Noéis locais para suprir a demanda em locais de difícil acesso.

FROZEN

Além do bom velhinho, outros personagens marcaram presença em hospitais do Reino Unido, de acordo com levantamento feito pelo estudo.

Entre os personagens de ficção, Elsa, da animação "Frozen", esteve bastante presente. Os campeões, no entanto, foram os os ajudantes do Papai Noel (também chamados de duendes ou elfos).

Também deram as caras no Natal de 2015 o Batman, as Tartarugas Ninjas e Stormtroopers, da saga "Star Wars".


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