Folha de S. Paulo


Mentir bem é uma questão de prática, afirma novo estudo

Kevin Dooley/Flickr
Mentiras em série provocam uma redução da resposta emocional no cérebro
Mentiras em série provocam uma redução da resposta emocional no cérebro

Quanto mais se mente, maiores ficam as mentiras. Essa estrada rumo à desfaçatez foi tema de um estudo divulgado nesta segunda (24).

A conclusão do trabalho, publicado na revista científica "Nature Neuroscience", é que mentiras em série provocam uma redução da resposta emocional no cérebro.

O fator bioquímico é tão forte que os cientistas poderiam prever com precisão o quão grande é uma mentira que alguém está prestes a contar só de olhar para exames cerebrais feitos ao contar mentiras anteriores.

A amígdala, parte do cérebro que processa as emoções, respondia fortemente no início das mentiras. Com a prática, a intensidade das respostas diminui, um forma de "adaptação emocional".

"Este estudo é a primeira evidência empírica de que o comportamento desonesto aumenta quando é repetido", diz o principal autor do estudo, Neil Garret, da Universidade College London.

Nos experimentos, cerca de 80 voluntários foram convidados a avaliar individualmente fotos de alta resolução de frascos de vidro cheios com diferentes quantidades de moedas de um centavo.

Depois, eles foram instruídos a aconselhar um parceiro, olhando para uma imagem de baixa resolução do mesmo frasco, sobre a quantidade de dinheiro.

No primeiro teste, os voluntários eram incentivados a serem honestos. Quanto mais precisa a estimativa do parceiro, mais dinheiro os dois ganhavam. Com isso, definiu-se um ponto de referência para cenários em que os voluntários eram incentivados à mentira.

Descobriu-se que as pessoas mentem mais quando isso é bom para elas e para a outra pessoa.

Os identificados nos questionários como menos francos também eram mais propensos a mentir no teste.

A maioria dos voluntários não apenas caiu em um padrão de dissimulação mas também incrementou a intensidade das suas mentiras.

Não está claro se a menor atividade no centro de comando emocional impulsionou o deslize à desonestidade ou se era reflexo dela.

Conclusão: quanto mais se mente, melhor se fica nisso.


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