Um grupo de pesquisadores indianos, perspicazes na arte de se observar rãs em seus momentos mais íntimos, colaram mais uma figurinha no álbum do kama sutra dos anfíbios.
Eles descreveram a sétima diferente posição sexual executada por rãs, que eles chamaram de "dorsal straddle", que em português poderia ser algo como "escalada dorsal com perna esticada".
As estrelas que realizam a performance são as rãs-de-mumbai (Nyctibatrachus humayuni). De acordo com os pesquisadores, elas costumam aparecer em grandes números logo após o pôr do sol, próximos a riachos. O ritual de acasalamento começa com o tradicional chamado (coacho) do macho. Em seguida, a fêmea toca o macho com suas patas, o que excita ambos.
Chega a parte difícil. A fêmea fica dependurada (agarrando em galhos ou onde conseguir) e o macho a escala, ficando na recém-descrita posição. A participação masculina termina após ele depositar esperma nas costas da fêmea e desmontá-la.
No passo seguinte, a fêmea põe os óvulos. O esperma, que estava nas costas, escorre dali e finalmente cumpre sua missão de fertilizar os óvulos. Dessa forma, não há contato entre os bichos durante a fertilização. Em outras espécies é comum que tanto o esperma quanto os óvulos sejam depositados durante o abraço entre as rãs –que está mais para um agarrão por parte do macho. O movimento é conhecido como "amplexo".
"Essa rã é notória e possui um comportamento reprodutivo sem precedentes, único de várias maneiras. A descoberta é fundamental para entender a ecologia evolutiva e comportamental de anfíbios anuros [aqueles sem cauda]", diz o professor Sathyabhama Das Biju, da Universidade de Déli, que liderou o novo estudo.
OUTROS ACHADOS
Os cientistas também descreveram outros achados inusuais. Entre mais de 6 mil espécies de rãs descritas, os N. humayuni são a 25ª em que as fêmeas também se mostraram capazes de emitir sons. Também foi a primeira vez que alguém descreveu o comportamento predatório de serpentes sobre e espécie. As vítimas, no caso, eram ovos depositados sobre folhas.
O estudo que descreve os achados foi realizado em colaboração com cientistas da Universidade de Minnesota (EUA) e foi publicado na revista científica "PeerJ". "Uma boa compreensão de cada espécie, incluindo a ecologia e a reprodução é importante para planejar e implementar com sucesso a as estratégias de conservação", concluem os autores.