Folha de S. Paulo


Cobra de zoo em Sorocaba (SP) é operada para retirar ovos 'entalados'

Uma serpente píton (Python reticulatus) de cinco metros de comprimento teve que passar por uma cirurgia de três horas, em Sorocaba (SP), para retirar 20 ovos com deformidades que haviam ficado "entalados" e não puderam ser expelidos pela cobra.

O procedimento foi realizado no hospital veterinário da Uniso (Universidade de Sorocaba) e foi considerado um sucesso. O réptil já se recuperou e voltou ao zoológico da cidade.

De acordo com Cecília Pessuti, responsável pela Seção de Biologia e Veterinária do Zoológico Sorocaba, o problema foi notado no fim de maio, quando a equipe observou ovos anormais expelidos pela cobra. "Dois ovos tinham cascas rugosas e descalcificadas, o que demonstrava deformidade anatômica", diz Cecília. "Com isso, os ovos não puderam ser postos naturalmente e dessa forma houve a necessidade da cirurgia", disse.

Cobra

Para que o procedimento pudesse ser realizado o animal foi anestesiado e entubado. Na sequência, foram realizados radiografia e exame ultrassonográfico para confirmação da posição anatômica dos ovos retidos. O local da incisão foi a 1,5 metro da cauda.

Ainda de acordo com Cecília, a cobra segue sendo observada de perto por um veterinário. "A cirurgia foi às pressas, mas ela passa bem e está sendo acompanhada diariamente por um veterinário", disse.

A píton é uma espécie que habita as florestas tropicais úmidas de Indochina, Indonésia e Filipinas. O exemplar de Sorocaba tem cerca de 25 anos de idade, sendo que, em cativeiro, é possível que cobras dessa família cheguem aos 40 anos.

OBSERVAÇÃO

De acordo com André Costa, veterinário do zoo e um dos responsáveis pela cirurgia, cinco veterinários participaram da operação para retirar os ovos. "Identificamos que ela não conseguia colocar os ovos e, caso não passasse pelo procedimento, corria o risco de morrer", afirma.

Segundo Costa, embora incomum, o procedimento, que foi observado por alunos do curso de Veterinária da Uniso, foi necessário para preservar a saúde do réptil. "A parceria do zoológico com a universidade permite que ambos troquem experiências e favoreçam a melhoria do manejo dos animais em cativeiro", disse.


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