Folha de S. Paulo


Biólogo que se fantasiou de urso leva prêmio Ig Nobel; veja os ganhadores

O Prêmio Ig Nobel, a maior láurea humorística da ciência, escolheu como vencedores em 2014 o biólogo que se fantasiou de urso polar para estudar renas no Ártico e o grupo que descobriu que cães tendem a alinhar o corpo com o campo magnético da Terra quando estão defecando.

Entregue em cerimônia nesta noite na Universidade Harvard, em Cambridge (EUA) o evento teve a comida como tema anual. Foram dez trabalhos laureados, em categorias aleatórias (não necessariamente relacionadas a comida). Veja no quadro abaixo a lista de ganhadores.

As vencedoras do Ig Nobel de Nutrição foram Raquel Rubio e suas colegas do Instituto de Pesquisa e Tecnologia Agroalimentar da Catalunha. Elas criaram uma cultura de bactérias isoladas em fezes de bebês para uso na fabricação de linguiça fermentada.

Encarando a premiação com bom o humor, a maioria dos premiados compareceu à cerimônia para receber o prêmio pessoalmente. A única instituição vencedora que não se manifestou foi o governo da Itália, premiado na categoria economia por pedir a países europeus que incluam prostituição e tráfico de drogas no cálculo do crescimento econômico regional.

A cerimônia em Harvard contou com momentos recreativos repetidos a cada ano, como o concurso de arremesso de aviões de papel e uma ópera composta para a ocasião. A peça contava a história de um casal que deixa de ingerir comida e passa a se alimentar de pílulas.

Com exceção do prêmio Ig Nobel de economia, todas as outras categorias tiveram como vencedores trabalhos publicados em periódicos científicos com revisão por pares. É uma espécie de selo de garantia de que as pesquisas mencionadas são trabalhos científicos chancelados pela comunidade acadêmica, feitos não apenas por piada.

BACON E TORRADAS

O título do trabalho que ganhou em Medicina é "Estancamento nasal com fatias de toicinho de porco como tratamento para epistaxe num paciente com trombastenia de Glanzmann". O estudo descreve um caso grave de sangramento nasal cessado com esse método inusitado.

"As pessoas costumam dizer que tudo fica melhor com bacon, mas como sou vegetariana, nunca soube o que fazer com bacon" disse Sonal Soraiya, uma das autoras do estudo premiado, em seu discurso na cerimônia. "Agora eu já sei."

O trabalho que venceu na categoria Neurociência foi "Enxergando Jesus numa torrada: correlatos neurais e comportamentais da pareidolia facial". Os autores usaram aparelhos de mapeamento cerebral para investigar o que acontece no cérebro de pessoas que enxergam imagens de rostos onde na verdade só há manchas.

"Ver o rosto de Jesus na torrada, Elvis na tortilha, ou seu tio Bob nas nuvens é perfeitamente normal", disse Kang Lee, que apareceu para receber o prêmio. "Se você não vê esse tipo de coisa, seu cérebro pode estar carente de ingredientes essenciais para uma mente imaginativa."


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