Folha de S. Paulo


Nasa anuncia naves sucessoras do ônibus espacial

A Nasa anunciou na tarde desta terça-feira (16) as duas espaçonaves que devolverão aos Estados Unidos a capacidade de levar astronautas à órbita terrestre, em 2017.

Os dois grandes vencedores de uma acirrada concorrência da indústria aeroespacial americana são a tradicional Boeing e a novata SpaceX.

A primeira desenvolverá a cápsula CST-100 e a segunda, uma versão tripulada de sua Dragon, que já está sendo usada para transporte de carga à Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês).

Divulgação
Imagem composta da nave Dragon V2 com a cápsula CST-100, que serão usadas para transportar astronautas à Estação Espacial Internacional
Imagem composta da nave Dragon V2 com a cápsula CST-100, que serão usadas para transportar astronautas à Estação Espacial Internacional

ACESSO PRIVADO

A diferença entre essa iniciativa e todos os outros programas tripulados anteriores é que pela primeira vez serão as empresas que controlarão as espaçonaves e comercializarão os serviços de transporte - mais ou menos como empresas aéreas, só que em voos espaciais.

Antes, a Nasa era a gerente do programa e dos veículos, que eram meramente construídos pelas companhias segundo especificações da agência espacial.

"Não foi uma escolha fácil, mas foi a melhor escolha para a Nasa e para o país", destacou Charles Bolden, administrador da agência espacial americana.

A expectativa é que essas novas naves sirvam para o transporte de astronautas até a ISS, que os americanos desejam manter operacional pelo menos até 2024. E a esperança é de que a iniciativa faça o custo de acesso ao espaço cair a ponto de estimular o turismo espacial e o desenvolvimento de outras estações e laboratórios em órbita terrestre.

CUSTO

O contrato para certificação dos veículos privados, no valor total de US$ 6,8 bilhões (US$ 4,2 bilhões para a Boeing, US$ 2,6 bilhões para a SpaceX), tem por principal objetivo encerrar a dependência americana da Rússia para o transporte de astronautas ao espaço.

Os dois países são parceiros majoritários na estação espacial, mas o clima diplomático entre eles azedou por conta do conflito na Crimeia, o que certamente levou Bolden a destacar por três vezes a busca por independência da Rússia nos primeiros cinco minutos de seu discurso.

"Para cumprirmos nossa meta de 2017, precisamos que o Congresso apoie a iniciativa comercial", destacou o administrador da Nasa. O programa, perseguido agressivamente pelo governo Obama a partir de 2010, encontrou forte resistência entre os congressistas no passado.

A Nasa está sem acesso autônomo tripulado ao espaço desde 2011, quando aposentou sua frota de ônibus espaciais.

Joe Raedle 9.mar.2011 - AFP
O ônibus espacial espacial Discovery, em pouso no Cabo Canaveral, na Flórida.
O ônibus espacial espacial Discovery, em pouso no Cabo Canaveral, na Flórida.

Os contratos fechados com as duas companhias envolvem o desenvolvimento, a certificação de segurança e pelo menos um voo tripulado até a ISS, transportando astronautas da Nasa. "Ambas as empresas têm planos para concluir tudo isso até 2017, mas não vamos sacrificar a segurança da tripulação", destacou Kathy Lueders, gerente do programa.

Em paralelo à iniciativa de voo espacial comercial, a agência desenvolve a cápsula Órion, que servirá para futuras missões além da órbita terrestre, incluindo uma visita tripulada a um asteroide e, futuramente, viagens a Marte.


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