Folha de S. Paulo


Paleontólogos descobrem segundo grupo de dinossauros com penas

A imagem dos dinossauros está virando algo positivamente carnavalesco. Uma descoberta feita na Sibéria revelou uma espécie de herbívoro do período Jurássico cujo corpo era coberto tanto por escamas quanto por várias formas diferentes do que parecem ser penas primitivas.

Dinossauros penosos têm sido descobertos com frequência cada vez maior desde os anos 1990, mas a nova espécie -o Kulindadromeus zabaikalicus, com idade entre 200 milhões e 170 milhões de anos- pertence a um grupo de animais, os ornitísquios, que não "deveriam" ter penas. Esse tipo de adereço seria típico apenas dos terópodes, os dinos carnívoros a cujo grupo pertencem também as aves modernas.

Ilustração/Andrey Atuchin
Concepção artística mostra como seria o Kulindadromeus zabaikalicus na Sibéria do período Jurássico
Concepção artística mostra como seria o Kulindadromeus zabaikalicus na Sibéria do período Jurássico

Faz sentido, mas sinais de penas começaram a ser encontrados em fósseis de ornitísquios nos últimos tempos.

"Só que eram estruturas bastante simples, que parecem meros pelos. Agora descobrimos estruturas mais complexas e compostas, que lembram de modo mais claro penas primitivas de dinossauros terópodes e penugem de aves", disse à Folha o paleontólogo Pascal Godefroit, do Real Instituto de Ciências Naturais da Bélgica, que coordenou o estudo publicado na revista "Science".

O K. zabaikalicus é "excepcional", diz a paleontóloga Taissa Rodrigues, da Universidade Federal do Espírito Santo. Ela chama a atenção para a ideia, levantada por Godefroit e por seus colegas, de que todos os répteis aparentados aos dinossauros teriam tido o potencial genético de apresentar estruturas semelhantes a penas ou pelos na pele.

"Alguns dinossauros teriam esses genes suprimidos e, portanto, não apresentariam essa cobertura. Isso também significa que ainda podemos vir a encontrar muitas espécies de dinossauros com coberturas filamentosas, simples ou compostas", explica ela. Para comprovar essa ideia, o ideal seria identificar dinossauros penosos ainda mais antigos, diz Taissa.


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