Quando o vídeo começa, um alegre jovem de gravata e camiseta lança o desafio: "Posso fazer algumas garras de adamantium totalmente automáticas?".
Pode parecer uma pergunta estranha para alguns -mas não para os fãs das histórias em quadrinhos e filmes da série X-Men, da Marvel. Logo depois, ao som de guitarras roqueiras, ele corre em meio a uma oficina, equipado com uma mochila e duas engenhocas metálicas caseiras presas aos seus braços. Ele ergue os punhos para a câmera e, claro, seis garras metálicas afiadas despontam de suas mãos: ele é Wolverine!
Esta talvez seja uma das cenas mais inofensivas numa série de vídeos feita por Colin Furze, um audacioso adepto da filosofia "faça você mesmo" de Stamford, na Inglaterra. Com mais de 500 mil seguidores no YouTube, Furze, 34, descobriu um séquito on-line para suas radicais -e às vezes perigosas- invenções de fundo de quintal, as quais incluem a motocicleta mais longa do mundo e uma lambreta que solta fogo pela parte traseira (esta última o levou à prisão).
Furze não é um engenheiro formado. Na verdade, ele nem terminou os estudos; abandonou a escola aos 16 anos para ser encanador. Ele contou que, enquanto ainda morava com os pais, fez experiências com metalurgia, mas não tinha recursos suficientes para testar os limites da sua imaginação. "Embora meu pai tivesse um enorme galpão, eu na verdade não podia entrar nele", disse Furze.
Depois que seu pai morreu, em 2007, Furze assumiu o galpão -e a coleção de poderosas ferramentas que havia ali. Não demorou muito e ele começou a mexer com bicicletas e motores elétricos, sempre filmando seu processo criativo. Desde então, suas invenções o ajudaram a conseguir cinco recordes mundiais no "Guinness", sendo um deles pelo mais veloz veículo elétrico para idosos e deficientes do mundo (tem uma velocidade máxima de 132,7 km/h).
Mas foram os seus projetos mais recentes -explorando os poderes dos super-heróis X-Men- que o transformaram em uma estrela do YouTube.
Ele também recriou as habilidades do personagem Pyro, com braceletes que soltam labaredas com dois movimentos dos pulsos.
Para as garras de Wolverine, explicou Furze, o processo foi de tentativa e erro, colocando lâminas de aço inoxidável em seus braços para ver quais se encaixavam melhor. Para fazer com que as lâminas se abrissem e fechassem, ele criou um sistema de válvulas conectadas a um tanque de ar em uma mochila; quando ele cerra o punho para pressionar os botões embutidos em suas palmas, as válvulas usam ar pressurizado para empurrar e puxar as garras para fora e para dentro de seus compartimentos metálicos.
Em seu projeto X-Men que mais desafia a gravidade, Furze se propôs a fazer "sapatos Magneto" -botas magnéticas que ele usou para andar no teto de sua oficina. Ele retirou bobinas magnéticas de velhos micro-ondas, passando uma corrente ao longo delas para que os eletroímãs fossem fortes o suficiente para aguentar seu peso. Depois amarrou os ímãs a um velho par de tênis Vans, e "voilà"- logo depois já estava pendurado de ponta-cabeça.
Furze atrai críticos e fãs; alguns se queixam de que suas criações são muito perigosas. Mas, em geral, a resposta tem sido positiva, segundo ele.
Para Furze, o principal objetivo é inspirar os espectadores que desconhecem o próprio potencial criativo. "Se você perguntar a alguém: 'Você quer fazer um ímã?', provavelmente a pessoa vai dizer: 'Não, não estou muito interessado'", disse. "Mas se você perguntar a alguém: 'Quer fazer sapatos magnéticos e andar de ponta-cabeça?', mais pessoas provavelmente dirão: 'É, parece bacana'."