A revista científica "Diabetology & Metabolic Syndrome" ("D&MS") informou no dia 27 de maio que dois artigos de coautoria da endocrinologista Marilia Brito Gomes, professora da UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro), teriam omitido citações a trabalhos de outros cientistas. A pesquisadora havia deixado o cargo de editora-chefe da publicação cinco dias antes.
A decisão da "D&MS" se baseou em investigação do grupo Biomed Central, sediado em Londres, que edita a revista. No Brasil, a "D&MS" é desde 2012 a publicação médica de maior fator de impacto, medida que reflete o grau de repercussão na comunidade científica internacional.
Carlos Antonio Negrato, autor principal dos dois estudos, negou que ele e Marilia Gomes Brito tenham cometido plágio, e ressaltou que os trabalhos não são pesquisas originais, mas de revisão bibliográfica, que analisam dados e conclusões de outros artigos. Segundo Negrato, foram usadas informações que podem ser semelhantes às de outras pesquisas que não foram consultadas.
A SBD (Sociedade Brasileira de Diabetes), fundadora da revista, informou que sua diretoria discutiu o caso e endossa a explicação dada por Negrato. A entidade contratará a apuração de uma auditoria independente, disse seu presidente Walter Minicucci, professor da Unicamp.
Marilia Gomes presidiu a SBD de 2008 a 2009, quando a "D&MS" foi fundada, e foi autora de 14 artigos na revista. Após ela sair da publicação, o outro editor-chefe, Daniel Giannella-Neto, professor da Universidade Nove de Julho, publicou as retratações, noticiadas ontem pelo blog "Retraction Watch".
Após receber a reclamação de plágio, o BioMed Central realizou uma investigação. "Um software de detecção de plágio mostrou que uma quantidade significativa de material havia sido copiado literalmente de outras publicações", afirmou Deborah Kahn, vice-presidente executiva do BioMed Central.
Marilia Brito Gomes declinou de comentar as retratações, alegando que caberia a Negrato, autor principal, dar esclarecimentos.