Folha de S. Paulo


Novo caçador de planetas europeu terá participação brasileira

A ESA (Agência Espacial Europeia) acaba de aprovar o desenvolvimento de um novo satélite caçador de planetas. O projeto contará com importante participação brasileira.

Chamada Plato (acrônimo em inglês para "Planetary Transits and Oscillations of stars"), a espaçonave deve ser lançada em 2024.

Ele deve sondar, durante pelo menos seis anos, até 1 milhão de estrelas em busca de companheiros planetários. A estratégia de busca é similar à usada pelo satélite Kepler, da Nasa, mas com muito mais alvos. O Kepler só estudou cerca de 150 mil estrelas, durante 3,5 anos.

Ambos encontram planetas ao detectar a sutil redução do brilho da estrela quando eles passam à frente dela, ao avançar em suas órbitas.

Espera-se que o Plato produza estatísticas suficientemente robustas para entender a variedade de arquiteturas que os sistemas planetários podem assumir. Nisso, saberemos quantos deles se parecem com o Sistema Solar.

O envolvimento do Brasil no projeto se dará com o desenvolvimento de softwares, tanto para a análise de dados em solo (que a comunidade científica brasileira já fez para o primeiro satélite caçador de planetas europeu, o CoRoT) como para a operação da espaçonave.

"Fazer programas que rodam em solo para reduzir [analisar] dados é uma coisa, mas software de bordo é uma coisa muito mais complexa, porque ele não pode dar pane", afirma Eduardo Janot Pacheco, astrônomo da USP (Universidade de São Paulo) que coordena a participação nacional no satélite. De acordo com Janot, o aumento da participação brasileira mostra a evolução do país no setor.

Somado ao software, o Brasil também desenvolverá hardware –um simulador para testar em terra o desempenho do satélite–, mas nada que seja embarcado no veículo que vai ao espaço.

Em troca desses serviços, astrônomos brasileiros participarão da definição de alvos e da análise de dados científicos.

DETALHAMENTO

Além de revelar planetas de todos os tamanhos –inclusive do porte da Terra–, o Plato será capaz de fazer medições precisas da luz das estrelas, que permitirá determinar sua idade com uma margem de erro de poucas centenas de milhões de anos –pequena, se comparada à idade atual do Sol, 4,7 bilhões de anos.

Assim, será possível estudar os sistemas planetários em termos evolutivos, vendo como o tempo afeta suas características.


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