Folha de S. Paulo


China lança nova missão tripulada ao espaço

Uma nave da China decolou nesta terça-feira com três taikonautas --como são chamados os astronautas chineses-- a bordo para uma missão de 15 dias em um laboratório espacial experimental, em mais um passo rumo ao desenvolvimento de uma estação espacial própria.

A Shenzhou 10 foi lançada em uma base remota no deserto de Gobi, no extremo oeste chinês, às 17h38 (6h38 em Brasília), numa tarde quente e de céu claro, conforme imagens transmitidas pela TV estatal.

AFP
O foguete Shenzhou 10 decolou do deserto de Gobi, na China, levando três chineses para o espaço
O foguete Shenzhou 10 decolou da do deserto de Gobi, na China, levando três chineses para o espaço

Em junho de 2012, a China realizou sua primeira manobra bem sucedida de acoplagem no espaço, ligando-se ao pequeno módulo Tiangong 1, o que foi um marco na aquisição das capacidades tecnológicas e logísticas necessárias à operação de uma estação espacial completa, capaz de abrigar tripulantes por longos períodos.

O presidente Xi Jinping supervisionou pessoalmente o lançamento de terça-feira, dirigindo-se aos astronautas para lhes desejar sucesso e dizendo-se "enormemente feliz" por estar presente.

"Vocês são o orgulho do povo chinês, e esta missão é ao mesmo tempo gloriosa e sagrada", disse Xi, segundo a imprensa estatal.

Essa será a mais longa missão já feita por astronautas chineses. A quinta viagem tripulada da China ao espaço desde 2003 foi acompanhada pelas habituais manifestações de orgulho nacional e propaganda do Partido Comunista, incluindo crianças vestidas em trajes de minorias étnicas, acenando para os três astronautas no centro espacial.

Há, no entanto, quem critique tamanho gasto na exploração espacial por parte de um país ainda em desenvolvimento, confrontado por questões mais prementes -- da segurança alimentar à poluição e aos incêndios em fábricas.

"Por que não gastam esse dinheiro resolvendo os verdadeiros problemas da China em vez de desperdiçá-lo desse jeito?", escreveu um usuário no Sina Weibo, espécie de Twitter chinês.

O programa espacial chinês avançou muito desde que Mao Tsé-tung, fundador do regime comunista em 1949, lamentou o fato de seu país não ser capaz nem mesmo de colocar uma batata em órbita.

A China ainda está distante de se equiparar a EUA e Rússia, superpotências espaciais estabelecidas. No entanto, o avanço chinês nesse campo gera temores sobre uma corrida armamentista espacial.


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