Folha de S. Paulo


Autor de pesquisa sobre clonagem de embriões admite erros em artigo

O principal autor da pesquisa que mostrou que era possível obter células-tronco de embriões humanos clonados admitiu nesta quarta (22) na revista científica "Nature" que seu estudo tem erros, ainda que eles não alterem os resultados finais do trabalho.

Shoukhrat Mitalipov, da Universidade de Saúde e Ciência de Oregon (EUA), revelou inexatidões em seu trabalho, três das quais ocorreram na montagem dos dados às pressas para publicar o estudo, aceito pela revista "Cell" apenas três dias depois de ter sido apresentado à publicação.

"Os resultados são exatos. As linhagens de células-tronco embrionárias existem", ressaltou.

Comentários anônimos publicados no site PubPeer apontaram os erros nas ilustrações e imagens utilizadas na pesquisa. Mitalipov disse ter conversado seu colega, Masahito Tachibana, que compilou os dados, e este último confirmou que o estudo continha erros. Os dois afirmaram que vão preparar uma correção.

O tema já foi alvo de fraude. Em 2004 e 2005, o cientista coreano Hwang Woo-Suk havia afirmado ter obtido células-tronco de embriões humanos clonados. Era mentira e, de quebra, colaboradoras do cientista revelaram que ele as forçava a doar óvulos para a pesquisa.

Martin Pera, especialista em células-tronco da Universidade de Melbourne, na Austrália, lamentou em um artigo na "Nature" que os autores do estudo tenham usado a mesma imagem para ilustrar duas propriedades diferentes das células-tronco em um embrião humano e das produzidas por clonagem.

"As explicações dadas pelos autores são plausíveis, mas é preciso aguardar os resultados de uma investigação a fundo", disse.

Para Robin Lovell Badgen, que dirige o Departamento de Genética do Instituto Nacional de Investigação Médica de Londres, esses erros são o resultado da pressa em publicar o estudo, mas deve-se dar a eles a chance de se explicarem.


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