Folha de S. Paulo


Legislação sobre armas é 'grande frustração', diz Obama

Horas antes de um homem abrir fogo em um cinema no Estado americano da Louisiana, matando duas pessoas e ferindo várias outras, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, admitiu à BBC que o fracasso na aprovação de uma legislação de controle de armas é a maior frustração dos seus dois mandatos.

Ele deu a entender que sofre com a ausência de "leis de bom senso sobre armas mesmo diante de repetidos assassinatos em massa".

Reprodução/BBC
O presidente dos EUA, Barack Obama, durante entrevista à BBC em Washington
O presidente dos EUA, Barack Obama, durante entrevista à BBC em Washington

"Para nós, não termos resolvido essa questão é algo angustiante", disse Obama, que vem tentando restringir o uso de armas no país desde o início de seu mandato.

Em junho, depois do assassinato de nove fiéis negros de uma igreja na Carolina do Sul, ele admitiu que a "política nessa cidade (em referência às decisões tomadas no Congresso em Washington)" lhe deixava poucas opções para essa questão.

No episódio de quinta-feira, um homem branco de 58 anos abriu fogo dentro de um cinema de Lafayette cerca de 20 minutos após o início do filme às 19h30 locais (22h30 de Brasília).

Ele se matou em seguida. O caso trouxe à tona recordações do assassinato de 12 pessoas em um cinema de Colorado, há três anos.

O autor do crime, James Holmes, aguarda a sentença e pode ser condenado à morte.

ARMAS X TERRORISMO

O presidente dos Estados Unidos, que iniciou o primeiro mandato em 2009, ainda tem 18 meses no poder, afirmou que vai continuar tentando mudar a legislação sobre armas, mas deixou clara a sua frustração.

"Se analisarmos o número de pessoas mortas desde o 11 de setembro, são menos de 100. Se olharmos o número de pessoas que morreram por violência de armas, são dezenas de milhares", disse Obama.

Ele afirma que as crianças que crescerem durante os oito anos que terá passado no poder "terão uma visão diferente sobre as relações raciais e sobre o que é possível".

"Algumas tensões vão surgir. Mas se olharmos para a geração das minhas filhas, existe uma atitude totalmente diferente do que a que a minha geração tinha no que toca à raça."

Ele também disse estar confiante de que o acordo nuclear com o Irã –considerado uma vitória da administração Obama– será aprovado.

Ainda sobre política internacional, Obama disse que para derrotar o grupo extremista autodenominado Estado Islâmico, é preciso encontrar uma solução política para a Síria.

Ele também destacou a importância de a Grã-Bretanha permanecer na União Europeia, caso queira manter a sua influência internacional.

O governo conservador britânico prometeu realizar nos próximos anos um referendo sobre a saída do bloco europeu.

Obama ainda fez uma autocrítica, dizendo que "todo presidente, todo líder, tem pontos fortes e fracos".

"Um dos meus pontos positivos é um temperamento bastante equilibrado. Não fico exaltado quando as coisas dão certo, nem deprimido quando dão errado."


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