Folha de S. Paulo


Premiê da Nova Zelândia se desculpa por puxar cabelo de garçonete

O primeiro-ministro da Nova Zelândia, John Key, pediu desculpas publicamente para uma mulher que trabalha em um café na cidade de Auckland por ter puxado o cabelo dela várias vezes.

A garçonete, que não foi identificada, escreveu em um blog que o premiê puxou seu cabelo —que ela costuma prender em um rabo de cavalo— em várias ocasiões, mesmo depois de ela ter pedido que ele não fizesse mais isso.

Em um texto escrito na página Daily Blog, a garçonete informou que os puxões de cabelo começaram durante a campanha eleitoral em novembro de 2014, quando o Partido Nacional, de Key, foi reeleito para o cargo.

A neozelandesa afirmou que começou a evitar a presença de Key quando ele ia ao café e até falou para os seguranças do premiê que ela não gostava dos puxões de cabelo.

Em março a garçonete chegou a falar pessoalmente para o primeiro-ministro que ele parasse com o hábito, mas ele continuou.

O gabinete de Key afirmou nesta quarta-feira (22) que, com esse hábito, o primeiro-ministro tentava ser "simpático" e pediu desculpas. Key também deu de presente à garçonete duas garrafas personalizadas de vinho.

"Suas ações (do primeiro-ministro) visavam ser alegres. Nunca foi a intenção dele fazer com que ela se sentisse incomodada, e ele pediu desculpas a ela", informou o gabinete do premiê em uma declaração.

Key disse a jornalistas na quarta que tinha um "relacionamento muito caloroso e amigável" com os funcionários do café, onde "nos divertimos muito (...) ali, sempre há brincadeiras e coisas".

CRÍTICAS

O incidente com a garçonete desatou críticas da oposição e do público.

Metiria Turei, uma das líderes do Partido Verde do país, afirmou que as ações do primeiro-ministro levantam a questão do bullying no local de trabalho.

Alguns usuários do Twitter chegaram a pedir a renúncia imediata de John Key.

"Como políticos, nosso trabalho é fazer as pessoas se sentirem seguras no trabalho, sem bullying... Deveríamos esperar um padrão de comportamento mais elevado de nosso primeiro-ministro, não esse (hábito) estranho de puxar o cabelo", disse Metiria ao jornal "The New Zealand Herald".

Muitos neozelandeses também demonstraram indignação nas redes sociais, como o Twitter, com hashtags relacionadas ao incidente como #tailgate e #ponytailgate (rabo de cavalo em inglês é ponytail).

"Desculpe, mas o primeiro-ministro puxando o cabelo comprido de uma garçonete? Isto é tão juvenil que ele deveria renunciar imediatamente. #tailgate", escreveu um usuário chamado Binary Smasher.

"Expliquei para minha neta, que usa um rabo de cavalo, porque o primeiro-ministro deste país puxou o cabelo de uma jovem. Não uma, mas várias vezes #tailgate", postou o usuário Rod Meharry.

Até o controverso fundador do Megaupload.com, o alemão Kim Dotcom, que já criticou as políticas de Key para liberdade na internet, também opinou no Twitter sobre o incidente.

"O fetiche de John Key por puxar cabelo vai dominar o noticiário de uma forma que a vigilância em massa e a perda de nossos direitos jamais conseguirão", postou.

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