Folha de S. Paulo


Empresa cria 'drone garçom' para superar falta de mão de obra em Cingapura

Comida é uma obsessão nacional em Cingapura.

Mas a cidade-país sofre para encontrar funcionários suficientes para o grande número de restaurantes.

Uma companhia de tecnologia apresentou o que pode ser uma solução para o problema: drones garçons. As pequenas aeronaves são robustas, confiáveis e prometem não derrubar os pedidos.

Os drones são da empresa Infinium Robotics e devem ser introduzidos em uma rede de restaurantes local até o final do ano. As aeronaves conseguem carregar até dois quilos de comida e bebidas - cerca de dois copos grandes de cerveja, uma pizza e duas taças de vinho.

Os robôs voadores passam por cima da cabeça dos clientes fazendo rotas determinadas por um programa de computador e navegam pelo restaurante sem trombadas usando sensores infravermelhos espalhados pela casa.

Sem garçons

A falta de garçons é creditada à introdução, pelo governo, de medidas para restringir a imigração e aumentar eficiência no trabalho. Sem a força laboral mais barata dos estrangeiros, os restaurantes passaram depender de trabalhadores locais.

Mas, pelos salários baixos e por questões de status, os jovens do país evitam esses empregos.

Vários restaurantes tiveram de fechar suas portas nos últimos meses citando a falta de mão de obra e os altos aluguéis.

Segundo estatísticas do governo, a indústria de alimentos e bebidas de Cingapura atualmente tem uma carência de 7 mil trabalhadores,

Por isso, alguns restaurantes optaram por inovações como o uso de robôs que podem preparar arroz e macarrão, cardápios no iPad e sistemas de entregas rápidas.

Mas, até agora ninguém tinha ido tão longe a ponto de ter drones voando pelo restaurante para servir comida aos clientes.

O diretor-executivo da companhia Infinium Robotics, Junyang Woon, afirma que a tecnologia desenvolvida para os drones na verdade libera os funcionários para trabalhar melhor no restaurante.

"Os funcionários serão capazes de interagir mais com os clientes e melhorar a experiência destes", disse.

Mas o uso de drones em ambientes fechados pode trazer riscos. Em dezembro, uma destas pequenas aeronaves usada em uma promoção temporária e não para servir pratos, acertou o rosto de um dos clientes de um restaurante da rede TGI Fridays em Nova York.

Mas, Woon afirma que as máquinas usadas em Cingapura usam câmeras e sensores para garantir que eles não trombem uns com os outros ou com as pessoas. As hélices foram cobertas com grades, para aumentar ainda mais a segurança.

Limites

Entre os clientes, a reação não é unânime.

Stachey Choe, que vai a restaurantes quatro vezes por semana, acredita que o novo serviço pode ser eficiente, mas tem restrições.

"É eficiente, principalmente em estabelecimentos maiores. Então até pode ser o futuro (do atendimento). Eu quero experimentar, é uma novidade - mas não é algo muito atraente no longo prazo. Acho que o serviço precisa ser mais pessoal", disse.

Mesmo a rede de restaurantes que está comprando os drones-garçons da Infinium, a Timbre Group, admite que há limites para a tecnologia.

O diretor Edward Chia atualmente emprega 90 pessoas em seis bares e restaurantes. Ele planeja usar 40 drones e disse que, com estes aparelhos, tem capacidade de abrir mais casas e redirecionar funcionários para empregos que precisam de mais habilidades, como preparo de bebidas e comida.

Mas, ele ainda quer ter garçons humanos. Os drones vão levar a comida da cozinha para um ponto no restaurante e então uma pessoa vai colocar o prato na mesa.

"Ainda queremos ter o toque humano", disse.


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